Com a notícia de mais um aumento das taxas de juro, ficámos a saber, uma vez mais, que a salubridade financeira dos grandes grupos económicos é mais importante do que a vida de quem trabalha. Estamos perante um facto inquestionável: as grandes empresas lucram como nunca enquanto a esmagadora maioria dos portugueses está à beira do precípicio económico. A aposta de um governo responsável devia ser a de estar ao lado da maioria e não da minoria, abdicando de anunciar medidas paliativas que não vão resolver boa parte dos problemas. Não vale a pena um executivo encher a boca com a palavra esquerda quando todos os dias se orienta pelos interesses dos grandes grupos económicos e financeiros.

Rosa Luxemburgo escreveu no princípio do século XX que “quem não se movimenta não sente as correntes que o prendem”. Com inúmeras convocatórias de protestos à espreita, a dignidade constrói-se todos os dias com as mulheres e os homens que fazem o país avançar. São também eles o substrato para a nossa existência enquanto jornal. Num mundo cada vez mais convulso, a informação é um pilar fundamental das democracias. Mas não há democracia que sobreviva de costas voltadas para a população, que não se construa com ela, de forma ativa e participada, muito para lá do exercício do direito ao voto. Quando a comunicação social está cada vez mais capturada pelos interesses de uma elite, urge dar voz a quem não a tem. 

Em 11 de outubro, A Voz do Operário, o nono título português de imprensa mais antigo em circulação, cumpre 144 anos. É com orgulho que nos mantemos em pé, enraizados no passado e de olhos postos no futuro.

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