Os preços disparam e o nosso poder de compra cai a pique. Uma vez mais. A ida ao supermercado é agora um inferno para muitas famílias. Com salários estagnados, muitos já alcançados pelo salário mínimo, o governo pouco ou nada faz para evitar o descalabro. Os mesmos que nos prometeram que o capitalismo era liberdade de escolha apontam-nos o único lugar que nos está reservado nas prateleiras das grandes superfícies: os produtos de marca branca. Dizem-nos que a subida dos preços era inevitável devido à guerra e devido ao encarecimento das matérias primas e da energia. Não é mentira mas não justifica o absurdo. Como se explica então que as empresas de energia e as grandes superfícies apresentem lucros uma vez mais? Para além dos consumidores, também os agricultores apontam o dedo ao setor da distribuição. Há evidentes sinais de especulação.

Simultaneamente, as taxas de juro aumentam as rendas para níveis astronómicos, desafiando cada vez mais a capacidade financeira dos trabalhadores e das famílias. Saídos de uma pandemia em que nunca estivemos no mesmo barco, entramos numa crise nas mesmas condições. Para quem nos governa, tudo parece uma inevitabilidade, como os poucos de sempre enriquecerem à custa dos muitos de sempre.

Nesse sentido, no contexto da atual configuração parlamentar, já se anunciam revisões a uma das mais avançadas e progressistas constituições europeias. O documento que consagra os direitos que os trabalhadores e as populações conquistaram através da luta, produto da revolução de Abril, está, uma vez mais, em perigo. Não somos meteorologistas mas quem só espera não alcança. Como sempre, só a luta de quem trabalha pode resistir à intempérie.

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