Mesmo com uma grave crise sanitária provocada pelo novo coronavírus se vê que não estamos todos no mesmo barco como alguns tentam apregoar e, sobretudo, que não vamos ficar todos bem. Para além dos quase mil mortos e dos que tentam superar a infeção, há duas realidades que caminham paralelas e que não se tocam. De um lado, um milhão de trabalhadores em layoff, quase 350 mil desempregados e 200 mil em assistência à família. Do outro, grandes empresas que repartem lucros entre os acionistas e recorrem, sem precisarem, a apoios do governo para cobrir parte das despesas com salários através da segurança social.
Quando se assinalam os 130 anos do 1.o de Maio, parece cada vez mais evidente que há quem queira usar esta crise para todo o tipo de atropelos aos direitos de quem trabalha. O crescimento do número de sindicalizações em estruturas da CGTP-IN, como revelou Isabel Camarinha, mostra que é unidos e organizados que os trabalhadores se defendem destes ataques.
À janela, o povo celebrou a revolução que esmagou a ditadura fascista e abriu caminho a um processo de transformação social que acabou bloqueado por quem nos governa há mais de quatro décadas. A paz, o pão, a habitação, a saúde e a educação foram bandeiras de uma luta que não via melhor definição de liberdade do que pertencer ao povo o que o povo produzir. As conquistas de Abril são projeto de futuro e juntam-se àqueles que em todo o país vão dar voz às reivindicações dos trabalhadores no 1.º de Maio.
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