Editorial

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Agosto com cheiro a outubro

Este jornal lança, a partir desta edição, a sua página digital com o objetivo de levar mais longe A Voz do Operário. É um passo importante que representa um esforço no caminho de produzir mais e melhores conteúdos utilizando todas as ferramentas disponíveis para divulgar o mais antigo jornal operário do país. Contribuir para o crescimento do jornalismo independente dos grandes grupos económicos e financeiros e alinhado com os interesses e aspirações da maioria da população é um dever democrático em tempos cada vez mais sombrios. À medida que nos aproximamos de outubro vai ficando cada vez mais claro que há quem queira fazer da pré-campanha eleitoral um vazio de propostas políticas. Não é novidade mas as eleições legislativas parecem, outra vez, condenadas pela imprensa a ser mais uma corrida de candidatos a primeiro-ministro do que um plebiscito que serve para eleger deputados à Assembleia da República. Percebe-se o truque. Importa fazer das eleições um circo novelesco que não permita o balanço do que fez cada partido no parlamento e que gire, sobretudo, em redor da habitual fulanização da política. Mais do que líderes ou heróis providenciais, precisamos que as escolhas dos eleitores assentem naquilo que são os programas eleitorais e na prática de cada opção eleitoral. As políticas de habitação ganham destaque nos nossos dias depois da hecatombe imobiliária provocada pela lei das rendas que o PSD e o CDS-PP impuseram e que o PS se recusa a revogar. A aprovação da lei de bases da habitação é importante para fazer face à febre especulativa que se vive em muitas cidades do país mas só se a regulamentação já na próxima legislatura enfrentar decisivamente o problema. Outubro é também uma oportunidade para os eleitores decidirem se querem apostar num modelo de país com uma legislação laboral que promova a justiça social ou no atual cenário de graves desequilíbrios onde os salários continuam na cauda da Europa. Os avanços dos últimos quatro anos são importantes mas não chegam. Mais do que paliativos, é preciso escolher o futuro.

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