A intervenção da Rússia na Ucrânia é um acto que põe em perigo a paz na Europa num contexto em que a União Europeia prefere apagar a fogueira com mais gasolina. Sejamos claros, a invasão da Ucrânia pela Rússia foi uma surpresa para o mundo e deve terminar o mais rapidamente possível. Não se pode, contudo, fingir que a guerra começou há uma semana quando há oito anos que os civis de Donbass fogem das bombas. Em momento algum a Ucrânia se predispôs a cumprir os acordos de paz assinados em Minsk, deixando prolongar um conflito durante quase uma década.
Nenhuma destas razões justifica a intervenção russa na Ucrânia que, à luz do direito internacional, é tão ilegal como as agressões da NATO, dos Estados Unidos e de países da União Europeia na Jugoslávia, Afeganistão, Iraque, Síria e Líbia, entre tantos outros exemplos. Mas se a decisão de Moscovo é condenável não pode deixar de nos preocupar a insistente estratégia de alargamento da NATO a leste pondo em perigo a paz no nosso continente. São vários os militares portugueses que o têm dito, recordando que estamos a falar da primeira potência mundial em armas nucleares.
Precisamos urgentemente de iniciativas que imponham rapidamente a paz e não de alimentar uma narrativa de ódio entre as duas partes que se estende a toda a Europa com decisões de censura a canais de informação e uma onda de xenofobia contra a população russa que não tem qualquer responsabilidade com o que está a acontecer.
Simultaneamente, a histeria mediática parece apostada em inflamar os ânimos com visões parcializadas e caça às bruxas. Aquilo que não fizeram noutros conflitos fazem agora tão simplesmente porque essa é a narrativa a quem quer a guerra. Não nos esqueçamos, os ricos declaram as guerras mas quem nelas morre são os trabalhadores e os seus filhos.
Os povos da Ucrânia, de Donbass e da Rússia merecem viver em paz e essa deve ser a prioridade dos líderes mundiais. Só um clamor popular que reivindique a deposição das armas pode evitar o pior. Lutemos por isso.