Editorial

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Governo ao lado dos mais fortes

Na abordagem à crise, o governo de António Costa tem optado por uma abordagem de classe. Do ponto de vista económico, apostou no apoio direto aos grandes grupos económicos e financeiros deixando boa parte dos trabalhadores sem um terço do salário e muitos outros à mercê do desemprego. Em momento algum optou por proibir a cessação de contratos durante o período da pandemia e não tem qualquer pudor em apoiar empresas que fogem ao fisco em Portugal pagando impostos noutros países. Para o Novo Banco caem milhões com os portugueses a sustentarem, uma vez mais, a dívida desta instituição financeira e para a final da Liga dos Campeões, que o primeiro-ministro disse ser um presente para os profissionais de saúde, há até isenção fiscal.

Para o trabalhadores que, como sempre, estão na linha da frente, não há novidades. Não há investimento suficiente na fiscalização das condições sanitárias dentro das empresas e durante meses a infernal viagem de casa para o trabalho ficou marcada pela redução de transportes numa política absolutamente criminosa e irresponsável que enlatou milhares de pessoas enquanto se exigia distanciamento físico. As novas medidas de restrição nos arredores de Lisboa, em zonas onde vivem aqueles que nunca deixaram de sair de casa para trabalhar, mostram que há um eixo comum marcado pela exploração, desigualdade, precariedade laboral e gentrificação.

Nesta vertigem da crise que nos impõem, são muitos os que lutam. Durante uma semana, milhares de trabalhadores, mobilizados pela CGTP-IN, protestaram contra esta realidade numa demonstração de que a dignidade no nosso país não se vende. Cumprindo as normas sanitárias, deram voz à justa indignação de quem vê o governo alinhado com os patrões num contexto tão grave como este.

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