Desde que A Voz do Operário nasceu em 1879, e deu lugar à fundação
da instituição com o mesmo nome quatro anos depois,
que a celebração dos dois aniversários, mais do que uma prova
de vida, mostra a longevidade de um projeto de resistência. A
enorme família que dá vida todos os dias aos diferentes espaços
d’A Voz fez questão de assinalar, uma vez mais, dentro e fora da
instituição que, apesar do longo passado, há todo um futuro por
conquistar. Disso é exemplo, a imagem de centenas de crianças
em desfile carnavalesco mascaradas, entre outras coisas, de ardinas
distribuindo o jornal a quem passava.

Este ano, a instituição decidiu homenagear o mais antigo
dos títulos operários em circulação. São 140 anos de uma publicação
que faz já parte da história da imprensa nacional e que
se comprometeu, desde o primeiro dia, a dar voz a quem não a
tinha. Nesta edição que dá especial destaque à celebração do
137.º aniversário da instituição, Manuel Figueiredo, presidente
da direção d’A Voz do Operário, fala do presente e do futuro sem
esquecer o passado.

Nunca é demais recordar que as razões que motivaram a fundação
do jornal e da instituição não deixaram de existir. O cerco
informativo que separa os trabalhadores do acesso a jornais,
rádios e televisões está umbilicalmente ligado aos grupos económicos
e financeiros que detêm esses órgãos de comunicação
social. Simultaneamente, a exploração é uma realidade cada vez
mais gritante num país em que o governo é indiferente a salários
cada vez mais desajustados com anos de congelamento. Aos trabalhadores
pede-se sacrifícios em tempos de crise mas em tempos
de acalmia nunca se pedem sacrifícios aos que enriquecem à
custa do suor de quem trabalha.

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