A habitual corrida aos presentes tem do outro lado mulheres e homens que estão sujeitos a péssimas condições de trabalho. Baixos salários e precariedade são a realidade dos trabalhadores que nos vendem as prendas que vamos oferecer na noite de Natal. A democratização da pobreza num país em que perdemos qualidade de vida mesmo a trabalhar teve um novo episódio na Assembleia da República com o chumbo por parte do PS de uma lei de combate à precariedade apresentada pelo PCP.

No verão, no âmbito das negociações sobre a proposta de Orçamento do Estado para 2022, o governo tinha mostrado disponibilidade para viabilizar esta importante medida. Decidiu antes juntar-se à direita, num gesto que é tudo menos inédito. Não admira, pois, que milhares de trabalhadores tenham aderido à manifestação nacional convocada pela CGTP-IN para a Avenida da Liberdade. É um grito de revolta contra um governo que abdicou de levar a cabo algumas mudanças importantes na legislação liberal para sossegar o patronato.

Para agravar as vidas cinzentas que levamos, a emergência climática em curso deixa o futuro do planeta em suspenso sem que os responsáveis pela esmagadora maioria das emissões de gases queiram mudar o modelo económico em que vivemos. Sejamos claros, não há capitalismo verde e a conferência sobre as alterações climáticas realizada em Glasgow mostrou isso mesmo.

Com eleições a 30 de janeiro, importa que os trabalhadores e a população levem esta luta até às urnas reforçando as candidaturas que entendam defender os seus interesses e não os dos grandes grupos económicos e financeiros. Que 2022 seja uma janela aberta para o fim da crise sanitária e para o mundo melhor que urge construir.

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