Arde a Amazónia para gáudio do agronegócio, Boris Johnson suspende a democracia no Reino Unido, morrem milhares no Mediterrâneo e as desigualdades crescem em todo o mundo. Não há tempo para o improviso. Vivemos tempos caiados de mentiras e as nossas escolhas individuais determinam o porvir coletivo. As eleições legislativas que se realizam dentro de um mês não são o único espaço de participação política, nem a democracia se esgota em processos eleitorais, mas seríamos ingénuos se pensássemos que a escolha da composição da próxima Assembleia da República não é uma batalha em que os nossos votos podem contar. Apesar dos constrangimentos cada vez maiores que o poder económico exerce sobre o poder político, importa recordar, como afirmou Antonio Gramsci, que o que se passa à nossa volta “não acontece tanto porque alguns querem que aconteça” mas antes “porque a massa dos homens abdica da sua vontade”. É hoje óbvio que de nada serve apelar ao fim da abstenção e dizer que os políticos são todos iguais se as nossas escolhas viverem entre a apatia e a submissão. Geralmente, é para que se abdique de apostar na diferença que nos fazem acreditar que não há diferença. Em tempos em que a verdade vale tão pouco, importa, pois, deixar os sentidos abertos e estudar atentamente as ideias que nos apresentam para não cairmos na habitual cilada da espetacularização da política em que se fala mais dos candidatos do que das ideias que representam. Chegar a setembro n’A Voz do Operário é também abrir as portas à alegria contagiante dos espaços educativos da instituição. Matam-se saudades dos amigos e recebem-se novos elementos nesta grande família espalhada pela Graça, Restelo, Ajuda, Baixa da Banheira, Lavradio e Laranjeiro. Crianças e adultos encetam, uma vez mais, um novo ciclo de aprendizagens e experiências num modelo que promove a participação e uma maior autonomia dos alunos.