Editorial

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O Verão e a cidade também são direitos de todos

Agosto é, para muitos, mês de férias. Seja no mar ou no rio, em Portugal ou noutros países, há quem procure divertir-se entre amigos ou família. O importante é que não percamos a perspetiva de que essa não é a realidade de todos. São muitos os que não têm condições para sair da zona de residência. Também no lazer se refletem as profundas desigualdades sociais. Outra perspetiva que importa não esquecer é a dos que trabalham para que outros possam desfrutar. Seja na restauração ou na hotelaria, a esmagadora maioria recebe baixos salários, trabalha muitas horas e debaixo de ritmos avassaladores. Apesar dos elevados lucros no turismo, os trabalhadores continuam sem usufruir da aposta no setor por parte dos governantes.

Hoje, Portugal parece um país de portas abertas a nómadas digitais, reformados de países ricos, vistos gold, multinacionais e portugueses com dinheiro. Para a generalidade dos trabalhadores, nacionais ou imigrantes, a vida é cada vez mais difícil e assiste-se a investimentos avultados do Estado de cada vez que há grandes eventos, sejam desportivos ou religiosos. Há mais transportes, arranjam-se escadas rolantes, adaptam-se escolas para ter melhores condições para alojar peregrinos, há mais limpeza nas ruas. Esta devia ser uma realidade todos os dias e não apenas casualmente, esta devia ser uma realidade para todos e não apenas para alguns.

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