Editorial

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A alternativa não passa pela maioria

Avançar

Enquanto aproveitamos o verão para passear, estar com amigos ou tomar banhos de mar, o governo mantém a velha tradição de aprovar nas costas de todos nós normas que vão agravar a legislação laboral e aprofundar a precariedade. Com o apoio do PSD e CDS-PP. É a velha aliança dos interesses dos grandes grupos económicos e financeiros representados na Assembleia da República. São os partidos que assinaram com a troika o acordo que conduziu o nosso país ao poço sem fundo da miséria e da pobreza. Foi a luta dos trabalhadores e a aritmética parlamentar que resultou das últimas eleições legislativas que permitiu uma configuração que obrigou o PS a negociar com a esquerda. Agora, incomodado com muitas das conquistas e avanços que se viu forçado a aprovar por pressão dos partidos à sua esquerda, pretende voltar à antiga lógica das maiorias absolutas. Dirigentes do PS já fazem apelos à boca cheia para que os eleitores lhe deixem mãos livres para fazer a política que entender, sem constrangimentos. Sabemos bem o que isso significa. Pretendem voltar à direita, que fez parte do ADN de todos os governos anteriores. Cabe aos trabalhadores impedir que voltemos atrás. A alternativa que o país necessita passa por políticas efetivamente de esquerda. A reivindicação anunciada pela CGTP de 850 euros de salário mínimo não é absurda. Vários estudos indicam que o valor devia estar bem acima desse. Quando subiu para 600 euros este ano, os patrões disseram que a medida levaria à falência de muitas empresas mas a verdade é que não só ajudou a dinamizar a economia como houve crescimento do número de empresas. A habitual ladainha patronal serve tão somente para manter uma larga fatia dos trabalhadores com baixos salários enquanto os que acumulam lucros assobiam para o lado. Nesta batalha que travamos por um mundo melhor para todos, o capitalismo assume-se como um problema transversal que tem de ser extirpado. Também na questão ambiental, a luta por um planeta sustentável faz-se combatendo a raiz do problema. Por muito que alteremos, e bem, os nossos comportamentos individuais, determinante é acabar com o sistema que promove as desigualdades sociais e a exploração do planeta.

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