Editorial

“Se não nos deixam sonhar, não os deixaremos dormir”

Os lucros dos grupos económicos e financeiros disparam à medida que a pobreza alastra entre quem trabalha. Não há crise para eles mas continua a haver demasiado mês para os nossos salários. Quando a banca caiu há mais de uma década, obrigaram-nos a tirar pão da boca dos nossos filhos para financiar as quebras financeiras. Agora que os lucros disparam, sem que o governo não faça nada de decisivo para reduzir a inflação e os custos com a habitação, ou para aumentar salários, continuamos de cinto apertado.

Enquanto as televisões se dedicam às tricas entre membros do governo, não se fala das políticas que empobrecem os trabalhadores e as populações, nem de quem as apoia na Assembleia da República. As aparências iludem. Que PSD, IL e Chega aparentem estar contra o PS esconde o que verdadeiramente acontece. A maioria das políticas que afetam as nossas vidas são aprovadas por todos estes partidos.

Como a política é tudo o que diz respeito às nossas vidas, desde o preço da carne e do peixe, da creche e do funcionamento dos transportes ao estado do Serviço Nacional de Saúde (SNS), cabe a todos construir uma alternativa participando nos sindicatos, comissões de utentes, associações de moradores, etc. A luta espalha-se por todo o país em defesa de aumentos salariais, acesso à habitação, melhores transportes, defesa do Serviço Nacional de Saúde e melhores condições nas escolas, entre outras reivindicações. “Se não nos deixam sonhar, não os deixaremos dormir” é uma frase que aparece no livro Os Filhos dos Dias, de Eduardo Galeano e é uma boa forma de abrirmos estradas para um futuro democrático que nos represente a todos e nos inclua.

Mas a vida também se faz de alegria, e a luta também se pode construir com alegria, por isso, em ambiente de alegria, celebrou-se o 140º aniversário d’A Voz do Operário na Alameda, em Lisboa. Milhares juntaram-se a mais uma das muitas iniciativas que têm marcado este ano. Agora, junho abre portas ao verão e às festas de Lisboa e em muitas outras cidades da área metropolitana de Lisboa. Novamente, as crianças d’A Voz do Operário vão desfilar na marcha infantil e levar a alegria desta instituição à Avenida da Liberdade. Também o habitual arraial d’A Voz do Operário, obrigatório ponto de passagem, vai marcar presença na Graça com um programa festivo próprio.

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