Maio é indissociável do mês de abril. A memória da revolução e das conquistas que importa defender expressa-se em enchentes como a que assistimos no passado dia 25, em mobilizações no 1.º de Maio e em todos os dias do ano nos nossos locais de trabalho e nos bairros onde vivemos. Há uma emergência política que vivemos com a ascensão de forças de extrema-direita e populistas que nunca teriam esta força sem o apoio premeditado dos principais grupos de comunicação social e o interesse tácito dos partidos que alternam no poder para nos aparecerem como salvadores da pátria. O facto é que os trabalhadores e o povo enfrentam uma crise social provocada pelos grandes grupos económicos que apoiam uns e outros. Basta ver as prateleiras dos supermercados, os preços das casas e o recibo do salário.

A excecionalidade de Abril face a outros processos de liquidação do fascismo está precisamente em ter sido uma revolução e não uma transição cosmética que manteve, nesses países, o modelo económico intocável. Os que passam o resto do tempo a atacar o processo que derrubou a ditadura em Portugal reclamam agora, nesta altura do ano, que o 25 de Abril não tem donos. Sabem que as principais conquistas sociais, económicas, políticas e culturais se deram nesse período e tentam cavalgar a simpatia popular pela revolução. Defender Abril é defender a democracia, uma democracia que passa pela participação ativa todos os dias e não apenas quando nos chamam para votar. Uma democracia que não passa apenas pela democracia política mas também pela democracia económica, pela democracia nos locais de trabalho e pelo fim das injustiças sociais. Só assim se cumpre Abril.

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