Editorial

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Empurrados para um abismo de miséria

Num período de enormes incertezas e de grande instabilidade, o ano de 2023 começa com os trabalhos na Assembleia da República para uma nova revisão constitucional. De cada vez que a Lei Fundamental é alterada, ficamos mais longe dos direitos, liberdades e garantias conquistados durante a revolução de Abril. Isto acontece porque é o resultado da correlação de forças de praticamente meio século em que o PS e o PSD dominaram o panorama legislativo e governamental. Este episódio é ainda mais caricato se pensarmos que foi o Chega quem encetou este processo de alteração à Constituição da República Portuguesa, em destaque neste jornal.

A situação de empobrecimento da população é cada vez maior. Sem medidas eficazes para combater a inflação e para evitar a perda de salário real, o governo está a conduzir de forma consciente os trabalhadores para o abismo da miséria e do desespero. Num cenário laboral marcado pela precariedade e baixos salários, os trabalhadores dependem, uma vez mais, de si próprios. Longe dos aplausos e das palmadinhas nas costas, quando se valorizava o papel essencial dos trabalhadores durante a pandemia, os lucros de uns são os bolsos vazios de outros.

Este ano vai ser marcado também pelo 140.º aniversário da instituição A Voz do Operário. Em 1883, os trabalhadores que fundaram o jornal A Voz do Operário decidiram criar também uma associação com o mesmo nome. De bolsos vazios mas inspirados pelos ideais de justiça social e progresso encetaram o caminho desta instituição que nunca deixou de regar as sementes lançadas à terra pelos seus fundadores.

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