A maioria absoluta do PS e a perda de força parlamentar dos partidos à sua esquerda é um sinal negativo para os trabalhadores e as populações. De mãos livres para governar como bem entender, é bom lembrar que o PS sempre governou à direita, mesmo em minoria, procurando acordos com o PSD ou o CDS-PP. Os últimos seis anos foram uma exceção porque esta política de direita se viu condicionada pelos partidos de esquerda. Não menos negativo é o crescimento de forças reacionárias como a Iniciativa Liberal e o Chega. A decomposição do PSD e do CDS-PP abriu o armário a posições bafientas e perigosas que merecem todo o nosso combate.

Em contexto eleitoral, os mecanismos anti-democráticos são cada vez mais sofisticados. Durante a campanha, a Comissão Nacional de Eleições e a Entidade Reguladora da Comunicação permitiram que os candidatos do PS e do PSD pudessem debater nos canais em sinal aberto, com mais audiência, e que os restantes partidos ficassem relegados aos canais fechados como se de um campeonato menor se tratasse. Num modelo que patrocina o bipartidarismo vigente, as televisões, rádios e jornais raramente são confrontadas pelas entidades que fiscalizam as eleições e a comunicação social. Da mesma forma, os grupos mediáticos veiculam sondagens que mais do que retratar o sentido de voto condicionam as escolhas eleitorais. Parece não haver grandes dúvidas de que as empresas de estudos de opinião são o grande vencedor da noite das eleições. Apesar de terem falhado em toda a linha, agitaram o fantasma da direita coligada com as forças mais reacionárias garantindo ao PS uma maioria absoluta. 

Quem parece satisfeito com o novo quadro parlamentar é o porta-voz dos patrões, António Saraiva, que já veio saudar esta oportunidade para impor um novo ciclo económico distanciado da esquerda e dos trabalhadores. Também a agência norte-americana de notação financeira Fitch veio saudar a vitória folgada de Costa como um resultado “positivo” que torna “altamente improvável” medidas defendidas por comunistas e bloquistas no próximo orçamento.

Da parte da CGTP-IN, a mensagem é clara. É nos locais de trabalho e nas ruas que se constrói a resistência e a luta por um país que valorize e dignifique os trabalhadores. Essa será certamente a melhor barreira contra as políticas de direita e as forças reacionárias.

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