Editorial

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A folia está de regresso

Depois de dois anos de restrições, as Festas de Lisboa regressam à cidade e com elas as marchas e os arraiais. Com uma presença assídua ao longo de anos, dezenas de meninas e meninos vão desfilar novamente na Avenida da Liberdade com a marcha infantil A Voz do Operário. Será, certamente, um momento de grande emoção não só para os que participam mas também para todos os que coletivamente erguem a presença da instituição nas festas. São dezenas os voluntários que contribuem para vestir estas crianças, para as ensaiar, para lhes dar uma letra e uma melodia, entre tantas outras coisas. É também assim que se ergue o arraial d’A Voz do Operário. É uma prática que marca e distingue uma instituição que não só tem um caráter popular como representa os valores da solidariedade e justiça social.

Em tempos em que a guerra desencadeia o militarismo de todas as partes com pesadas consequências para os trabalhadores e para os povos, uma vez mais vão ser os que menos têm a pagar pelas decisões dos governantes. A paz é cada vez mais uma necessidade. A escalada dos preços está a retirar poder de compra a quem trabalha sem que o governo tenha demonstrado grande preocupação com o destino de milhões de trabalhadores. Perante a inflação galopante, os aumentos salariais previstos são pírricos, não evitando que muitos sejam empurrados para a pobreza.

Em linha com estas políticas, o PS que havia prometido o Orçamento “mais à esquerda de sempre” volta a deixar na gaveta medidas urgentes para fazer frente às necessidades reais dos trabalhadores e do país. As greves e manifestações a que assistimos nas últimas semanas demonstram bem um sentimento de crescente descontentamento entre a população.

Este é o caminho que teremos de percorrer nos próximos anos para fazer frente a um governo de maioria absoluta que, de mãos desatadas, tem as prioridades erradas. Certas para uma minoria, prejudiciais para todos nós.

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