Nas nossas escolas a proposta educativa sustenta-se por princípios democráticos, de participação e de cooperação. Sabemos que todas as interacções entre adultos e crianças comportam de forma intrínseca uma natureza educativa e por isso nenhuma actividade que os envolva pode ficar à margem deste entendimento.

Mais do que facilitar às crianças aprendizagens que potenciem o seu pleno desenvolvimento individual, esforçamo-nos para dar corpo e vida ao lema da escola: somos o colectivo. Todos os espaços e toda a comunidade escolar devem assumir um papel activo neste processo e os espaços de recreio e ATL não são excepção. Tratam-se de espaços privilegiados para a continuidade do processo de aprendizagem e convergem com uma definição de tempo normalmente favorável na relação com as crianças: tempo livre.

Tempo livre – Walter Benjamin diria que para o descrever, precisaríamos de pensar nas “crianças de domingo”, que vêem jardins mágicos e florestas onde outros passam sem tempo e sem atenção. O olhar domesticado pelo dia-a-dia dos adultos está livre no tempo destas crianças – isso faz com que seja um tempo realmente delas e verdadeiramente brincável. 

Através da brincadeira as crianças exploram, reflectem e interiorizam a sua realidade. A experimentação de diferentes papéis sociais através do faz-de-conta, permite-lhes compreender o papel do adulto e pôr a teste a forma como este é assumido – é assim que se prepara a passagem para a vida adulta e que a criança tem oportunidade de se conhecer e de conhecer o mundo.

Através da brincadeira as crianças simulam situações e conflitos da sua vida social, o que lhes permite a expressão concreta de determinadas emoções. Brincar é uma forma segura e auto-regulada de encenarem os seus medos, as suas angústias e a sua agressividade, e de ensaio de formas para conseguirem resolver os seus conflitos internos. 

É actualmente inegável a importância da brincadeira no desenvolvimento emocional, social e cognitivo dos humanos. Contudo, na prática, o tempo disponível para a auto-organização da brincadeira não traduz essa importância. A brincadeira e o jogo não se resumem a formas de divertimento ou de prazer, tratam-se de meios privilegiados de expressão e de aprendizagem. 

Por tudo isto, no nosso ATL a palavra de ordem é: BRINCAR!

A nossa equipa de brinconautas acompanha as crianças nas suas brincadeiras e procura dar vida e forma às propostas que elas trazem. Juntos pensamos, juntos discutimos e criamos, juntos decidimos e imaginamos, planeamos e construímos. Juntos testamos o dia-a-dia e tão rápido estamos a dançar, como estamos a construir um brinquedo com uma caixa de cartão, a ver uma curta-metragem e a debatê-la ou a edificar uma cidade imaginada. Privilegiando sempre um processo autónomo – desde a ideia, à sua concretização, à manutenção do espaço no final. 

A importância dada pel’A Voz do Operário à brincadeira evidencia-se no esforço de mobilizar esta equipa de profissionais pelos vários espaços de aprendizagem das crianças e ao longo de todo o dia – garantindo deste modo uma real continuidade dos sustentáculos da nossa proposta educativa e reconhecendo à brincadeira o seu justo papel destacado na bonita aventura que é crescer.

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