Opinião

A Voz dos Livros

faz-se caminho ao andar, de António Avelãs Nunes

Professor Catedrático da Faculdade de Direito da Un. de Coimbra, leccionou aulas teóricas e práticas das disciplinas de Economia Política I, Economia Política II, Finanças Públicas, Problemas Monetários Internacionais, Economia, Direito Público da Economia Moeda e Crédito, disciplinas sobre as quais tem publicado um vasto número de livros e ensaios que nos têm permitido, as nós os leigos nestas complexas matérias dos dinheiros e suas pérfidas sinuosidades, a entender melhor o estado das coisas e o mundo em que vivemos.

Teve funções governativas entre Maio e Novembro de 1974; Foi, nos Governos de Vasco Gonçalves, Secretário de Estado dos Desportos e Acção Escolar; entre Dezembro de 1974 e Setembro de 1975, Secretário de Estado do Ensino Superior e da Investigação Científica, para além de inúmeros cargos superiores na sua Universidade de Coimbra. Homem de pensamento e acção, um intelectual, um investigador, um autor de primeiro plano.

faz-se caminho ao andar, título retirado do famoso poema de António Machado, este novo livro de António Avelãs Nunes é, segundo o autor, um livro de viagens, de viagens pela memória, por um amplo espólio de participações cívicas, nas revistas, nos jornais, nos livros, nas caminhadas fraternas e leais com os amigos de sempre, nas homenagens, nas evocações lúcidas e sentidas de camaradas de lutas, um eclético grupo que com ele se cruzou ao longo da vida, que em determinado tempo da viagem estiveram na mesma barricada, defenderam os mesmos projectos, ideias, ideais, posições consonantes, formas de ler o país e o mundo, embora, nessa complexa viagem, alguns tenham depois seguido outras estradas – mas os afectos ficaram. Muitos desses amigos viajam neste acervo da memória, que nunca nos trai, se a não trairmos: Francisco Salgado Zenha, Jorge Sampaio, Manuel Lousã Henriques (com o qual tive a honra de participar num colóquio, em Coimbra, sobre o livro Forte de Peniche – Resistência, Memória, Luta, poucos meses antes do seu falecimento); José Óscar Monteiro, General Vasco Gonçalves, Alfredo Melo de Carvalho, José Pinheiro Lopes de Almeida.

Mas serão os textos de intervenção crítica sobre a usura do capitalismo e a sua imoral substância, as derivas sinistras do neo-liberalismo, que fazem o grosso e a medida indispensável deste livro.

O olhar e a reflexão de António Avelãs Nunes, sobre os novos modos de exploração – incluindo a forma como o capital se prepara para sair como o grande vencedor desta “pandemia”, que afinal não é apenas uma questão sanitária -, é, nos dias rapaces que vivemos, essencial para o entendimento crítico do nosso tempo.

faz-se caminho ao andar, de António Avelãs Nunes – Edição Página a Página.

Artigos Relacionados