Opinião

50 anos 25 de Abril

Celebrar o 50º aniversário da Revolução do 25 de Abril, resistir e avançar

No próximo dia 25 faz 50 anos que os militares do MFA vieram para a rua, no que de imediato foram secundados por um imenso envolvimento popular, dando assim início à gloriosa Revolução do 25 de Abril, protagonizando um dos acontecimentos mais significativos da nossa história que, culminando uma longa e heroica luta do povo português, pôs fim a 48 anos de ditadura fascista.

A Revolução restituiu ao povo português a democracia e a liberdade, trouxe a realização de profundas transformações democráticas, possibilitou o reconhecimento da independência das ex-colónias e colocou Portugal na senda do progresso e do desenvolvimento. As principais alavancas da economia passaram para as mãos do povo, instituiu-se o poder local democrático, abriram-se novas perspetivas para os trabalhadores e o povo, as quais ficaram consagradas na Constituição da República Portuguesa, aprovada em 2 de Abril de 1976.

Celebramos o 50º Aniversário da Revolução, num momento em que se vivem tempos difíceis, com o povo português a sofrer com o contínuo aumento do custo de vida, designadamente dos bens e serviços essenciais e da habitação, ao mesmo tempo que os grandes grupos económicos acumulam lucros recordes, numa espiral de aprofundamento das desigualdades e injustiças.

Por outro lado, recrudescem a vozes daqueles que querem fazer contas com a Revolução aos quais temos de fazer frente, desde logo fazendo da comemoração dos 50 anos do 25 de Abril, uma forte afirmação da defesa dos seus valores e das conquistas alcançadas, apesar de em parte delapidadas pela política de direita, constituindo igualmente uma importante oportunidade de resistência e luta dos trabalhadores e do povo português, pela liberdade e a democracia, bem como de exigência de uma política e de um rumo que responda aos problemas do País e às aspirações do povo português.

Para além da evocação daqueles que sonharam e concretizaram a Revolução, mesmo com o sacrifício da própria vida, importa transmitir a sua importância a todos os que por serem mais jovens não a viveram mas dela desfrutam, em liberdade e pleno uso dos seus direitos, mostrando-lhes que as dificuldades que hoje atravessam se devem à política de direita que os sucessivos governos implementaram, de desvirtuamento e recuo das conquistas da Revolução, sendo a defesa do 25 de Abril indissociável da luta por uma vida melhor numa sociedade mais justa.

Este mês comemoramos igualmente o 48º aniversário da Constituição da República Portuguesa, que consagra tudo aquilo que a Revolução de Abril significou para o povo português e para o país, designadamente em termos de liberdade, democracia e esperança num futuro melhor.

Apesar dos recuos inseridos nas revisões a que foi sujeita, o conteúdo progressista da Constituição permanece como um pilar determinante do regime democrático nascido da Revolução, sendo o garante dos direitos e liberdades e um instrumento para a transformação da sociedade, consagrando os direitos fundamentais dos trabalhadores e dos cidadãos, os princípios de igualdade efetiva, participação e intervenção, constituindo um ideal de sociedade à medida do processo revolucionário que lhe esteve na origem.

A Voz do Operário elaborou um programa de celebração dos 50 anos da Revolução, que se desenrola ao longo de todo o ano, e no qual se inclui a participação nas comemorações na noite do próximo dia 24, na Praça Paiva Couceiro, que para além do coro das nossas crianças, conta um vasto programa de intervenção política e cultural, bem como na Avenida no dia seguinte, em que foi atribuído À Voz do Operário um espaço próprio no desfile.

Estaremos igualmente presentes na manifestação do 1º de Maio, a começar por um stand na Alameda em que para além da divulgação d’A Voz do Operário, teremos atividades destinadas a crianças.

Celebramos o 50.º aniversário do 25 de Abril, afirmando o que significou de conquistas nos planos social, político, cultural, económico, combatendo as falsificações e o branqueamento do fascismo, fazendo das comemorações um importante momento de afirmação da luta dos trabalhadores e do povo português, pela liberdade e a democracia, e de exigência de uma política que responda aos problemas do País e às aspirações dos trabalhadores, dos jovens e do povo português.

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