Opinião

Presidente

Em defesa do 25 de Abril e da Constituição da República Portuguesa

Manuel Figueiredo, presidente da direcção d’A Voz do Operário.

O povo português vive tempos difíceis, com um contínuo aumento do custo de vida, designadamente dos bens e serviços essenciais e da habitação, enquanto os parcos salários e pensões tiveram ajustes muito abaixo da inflação, ficando muito longe de repor o poder de compra perdido. Em contrapartida, os grandes grupos económicos acumulam lucros recordes, numa espiral de aprofundamento das desigualdades e injustiças.

A defesa do 25 de Abril, que este mês celebra o seu 49º aniversário constitui, também por isso, um importante momento de afirmação da luta dos trabalhadores e do povo português, pela liberdade e a democracia, bem como de exigência de uma política e de um rumo que responda aos problemas do País e às aspirações do povo português. Neste sentido, a afirmação do que a Revolução de Abril representou enquanto processo de transformação social assume uma particular importância para a resposta aos problemas atuais.

Nunca é demais recordar que a 25 de Abril de 1974, a revolução dos cravos, proporcionada pela heroica ação do Movimento das Forças Armadas e impulsionada pelo imenso envolvimento popular, derrubou a ditadura fascista, restituiu ao povo português a democracia e a liberdade e apontou os caminhos do progresso e do desenvolvimento.

Deste modo, a comemoração do 25 de Abril não é apenas a evocação daqueles que o sonharam e concretizaram, mesmo com o sacrifício da própria vida, é igualmente a necessidade de transmitir a sua importância a todos os que por serem mais jovens não a viveram mas dela desfrutam, em liberdade e pleno uso dos seus direitos, mostrando-lhes que as dificuldades que hoje atravessam se devem à política de direita que os sucessivos governos implementaram, de desvirtuamento e recuo das conquistas da Revolução, sendo a defesa do 25 de Abril indissociável da luta por uma vida melhor numa sociedade mais justa.

Em Abril comemoramos igualmente o 47º aniversário da aprovação da Constituição da República Portuguesa, que consagra tudo aquilo que a Revolução de Abril significou para o povo português e para o país, designadamente em termos de liberdade, democracia e esperança num futuro melhor.

Apesar de algumas machadadas que lhe foram infligidas nas revisões a que foi sujeita, o conteúdo progressista da Constituição representa um pilar determinante do regime democrático nascido da Revolução, sendo o garante dos direitos e liberdades e um instrumento para a transformação da sociedade, consagrando os direitos fundamentais dos trabalhadores e dos cidadãos, os princípios de igualdade efetiva, participação e intervenção, constituindo um ideal de sociedade à medida do processo revolucionário que lhe esteve na origem.

As dificuldades que os trabalhadores e o povo em geral enfrentam não são culpa da Constituição, mas sim do seu não cumprimento, nomeadamente no que toca ao serviço público, com realce para a segurança social, saúde e educação, o direito ao trabalho e à habitação.

A defesa da Revolução do 25 de Abril passa pela defesa da Constituição que consagrou os seus valores, para mais numa altura em que foi aberto um novo período de revisão constitucional por iniciativa daqueles que pretendem reverter as conquistas nela consagradas, em benefício dos interesses da direita e do grande capital.

Comemoramos o 25 de Abril em luta por uma política de efetivo combate às desigualdades, pelo aumento dos salários e pensões que permitam não só fazer face ao aumento do custo de vida como proporcionar a melhoria das condições de vida da generalidade da população.

Como sempre, A Voz do Operário irá participar nas comemorações do 25 de Abril, desde logo no desfile na Avenida, mas também nas comemorações que se realizam na noite de 24 na Praça Paiva Couceiro, em que mais uma vez a nossa Instituição integra a Comissão Organizadora.

O momento que atravessamos exige a mobilização de todos nas comemorações do 25 de Abril e do 1º de Maio, por uma política diferente, que responda às crescentes carências da população, afirmando os direitos dos trabalhadores e a exigência de um Portugal desenvolvido e soberano, num mundo de paz, cooperação e amizade entre os povos. É tempo de dizer basta a uma política que proporciona escandalosos lucros aos grandes interesses económicos à custa do empobrecimento da generalidade do povo português.

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