Setembro é mês de regresso às aulas e já se sente a falta do habitual rebuliço nos corredores d’A Voz do Operário. Com as devidas medidas de contingência, espera-se que se possa, dentro do possível, retomar a atividade presencial e a construção de um modelo de ensino que se quer coletivo, participado e inclusivo.

Se A Voz do Operário é uma instituição que controla a temperatura e desinfeta as mãos e o calçado de quem entra nos seus espaços, é simultaneamente contra aqueles que querem transformar a incerteza dos dias que vivemos em medo. Contra a pandemia, há que acautelar todos os cuidados de segurança mas sem que essas medidas impliquem formas encapotadas de nos confinar entre a casa e o local de trabalho.

Durante a Guerra Civil espanhola, José Millán-Astray, dirigente militar fascista fez ecoar um dos mais abjetos lemas daquele período: “Viva la muerte. Muera la inteligencia”. Entre o negacionismo e o oportunismo político, caminhamos em cima de uma corda bamba. De um lado, os que contestam a ciência e pretendem negar a existência de uma pandemia, do outro, os que usam a doença para nos arregimentar ao sabor dos interesses económicos.

Não é o coronavírus que toma decisões políticas e económicas. É o governo e são as empresas. Atribuir à pandemia responsabilidades para além das óbvias é usar a doença como pretexto para esconder que a precariedade endémica no nosso país não é de agora mas torna agora mais fácil despedir. Não nos cansamos de repetir que foram e são os trabalhadores os verdadeiros heróis da fase mais crítica porque foram e são eles que fazem o país funcionar.

Urge romper com o conformismo em que nos querem conservar quando a situação económica e social se degrada. Todos conhecemos alguém que ficou sem trabalho ou que ficou com o salário cortado. Quando se assinalam 50 anos da eleição de Salvador Allende, escolhamos também construir um país de justiça social e progresso.

Viva a vida.

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