Opinião

Transportes Públicos

Mais vale tarde do que nunca

Foi anunciado pelo ministro da tutela que iriam ser investidos 45 milhões de euros na recuperação do material circulante da CP, que para o viabilizar seriam contratados trabalhadores para a EMEF (empresa da CP que faz a manutenção e reparação dos comboios) e para a CP, para melhorar a qualidade do serviço.

As medidas anunciadas vêm sendo reclamadas há anos quer pelos trabalhadores das empresas, quer pelas pelos utentes, através das suas organizações. Tardaram, ficam muito aquém do necessário, mas são bem-vindas. Outro anúncio foi o regresso da EMEF à CP, de onde nunca devia ter sido desmembrada, opção sempre contestada pelos trabalhadores e reivindicada a reversão da medida desde o primeiro momento.

Desde 1993, ano da autonomização, a empresa foi sendo colocada ao serviço dos interesses privados, que se foram apropriando de áreas de atividade.

Embora muito mutilada, será bom que se criem condições para a EMEF voltar a estar verdadeiramente ao serviço do sistema ferroviário, que é dizer ao serviço dos utentes dos caminhos de ferro.

Resumindo, as medidas anunciadas, há muito reivindicadas, poderão abrir caminho a alterações positivas nos serviços prestados pela CP.

No entanto, a experiência impede-nos de grandes euforias.

Anúncios de admissão de trabalhadores, não só para o setor ferroviário, mas também para outras empresas do setor de transportes que nunca se concretizaram, são várias.

Os 45 milhões para recuperar comboios recorda-nos os muitos investimentos anunciados e que ficaram pelo caminho.

Neste caso não são apenas os chumbos do Ministério das Finanças, são anúncios em cima das eleições de iniciativas que não serão concretizáveis no intervalo de tempo disponível.

Quanto ao regresso da EMEF à CP, está anunciado para depois das eleições, ou seja, até lá será apenas uma promessa e para alguns, como sabemos, promessas são levadas pelo vento. No título destas notas dizemos que mais vale tarde do que nunca, mas esperemos que seja.

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