Este jornal saiu às ruas no 1.º de Maio, jornada histórica da classe trabalhadora, lembrando não só os trabalhadores que fundaram A Voz do Operário como também os que hoje participam ativamente na construção de um mundo sem exploradores nem explorados, ao lado dos seus sindicatos. Parece uma consigna antiga, mas velho é o capitalismo, um sistema que não responde às necessidades da maioria, porque foi criado para beneficiar as necessidades da minoria.
Em apenas um dia, o apagão mostrou, uma vez mais, as consequências nefastas da privatização de setores estratégicos do país. A destruição das últimas centrais a carvão, para depois comprarmos eletricidade igualmente produzida em centrais a carvão espanholas, foi um erro grave, assim como termos apenas duas centrais com o sistema black start, capazes de se ligar isoladamente e reiniciar o fornecimento de energia. Tanto o PS como o PSD são responsáveis por deixar o país sem uma das suas alavancas fundamentais. A forma como este governo geriu a situação foi desastrosa. Uma vez mais, falhou o mecanismo de comunicação de emergência SIRESP e ouvimos o ministro Adjunto e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, dizer que em determinado momento o governo pediu aos seus motoristas para levarem recipientes com combustível para os geradores hospitalares. Seria divertido se estivéssemos a falar de um filme de Emir Kusturica, mas estamos a falar do governo de um país que se tem a si próprio como desenvolvido. Novamente, como na pandemia, foram os trabalhadores e a sua solidariedade que permitiram que tudo funcionasse dentro do possível.
A 18 de maio, teremos a oportunidade de exercer o nosso voto escolhendo os programas e os candidatos nos quais nos revemos. Precisamos definitivamente de interromper este ciclo de políticas de direita, encabeçadas por PS, PSD e CDS, com que a IL e o Chega, com mais ou menos matizes, também se identificam. Tampouco precisamos de partidos que, envergonhados com o sindicalismo, preferem dar prioridade a tudo menos à luta e anseios dos trabalhadores. É à esquerda, enfrentando corajosamente a direita, sem retóricas performativas, que precisamos de construir um futuro melhor para todos. Coletivamente, cabe-nos virar as costas a quem lucra com o nosso suor, a quem promove a pobreza e as desigualdades, a quem defende a guerra, a quem ameaça os direitos das mulheres e a quem aposta no racismo e na xenofobia. Esta não é uma luta do passado, é um combate com futuro.