Talvez agosto saiba a férias e a verão, retirando alguma disponibilidade para pensar em questões sérias. Recordemos, contudo, que para que o verão de uns exista, outros têm de trabalhar.
Segundo dados do Banco de Portugal, no final de 2022, um trabalhador nas atividades de alojamento e restauração recebia um salário de 8,4 euros por hora em Portugal, em termos reais,em comparação com 11,5 euros no total da economia. Em março deste ano, o Jornal Económico revelava que, de acordo com números do portal Pordata, o setor do alojamento e restauração é quem paga menos por mês no país: o salário médio mensal dos trabalhadores desta indústria era de 978 euros em 2022.
No caso da imigração, no fim de 2023, os estrangeiros tinham 87 contribuintes por cada 100 residentes, enquanto os portugueses apenas 48. Por outro lado, os estrangeiros tinham 38 beneficiários de prestações sociais por cada 100 contribuintes, enquanto para o total de residentes a relação era de 79 beneficiários por cada 100 contribuintes. Contudo, os imigrantes são relegados para os piores trabalhos e são vítimas de baixos salários e de exploração.
É comum ouvirmos empresários de setores como o turismo e a agricultura lamentarem-se sobre a alegada falta de mão de obra. O facto é que não faltam trabalhadores quando as condições de trabalho são dignas. É disto que se trata. É, sobretudo, à custa da exploração de imigrantes e portugueses que as empresas constroem os seus lucros.
Urge intensificar a luta não só contra os patrões que se aproveitam de quem trabalha mas, simultaneamente, contra um governo que não protege os trabalhadores.