A existência de uma doença que se transformou em pandemia é uma evidência e, portanto, o governo tem a obrigação de disponibilizar todos os meios necessários ao Serviço Nacional de Saúde para a enfrentar. Da mesma forma, não pode continuar a fechar os olhos a outra grave, e talvez pior, consequência desta crise: as consequências sociais e económicas para os trabalhadores e o povo. A queda para o autoritarismo como se viu na tentativa de forçar a população a usar a aplicação StayAway Covid não é a solução. Uma vez mais, voltamos às opções de classe. Aos trabalhadores, permite-se que saiam de casa, em transportes cheios de passageiros, sempre e quando seja apenas para se dirigirem ao seu local de trabalho. Tudo o resto quer-se condicionar.

Esta é a realidade que não passa na generalidade dos meios de comunicação social, apostada em cumprir uma agenda clara que determinam os seus proprietários. Quando a turbulência aumenta, mais do que nunca é necessário uma imprensa plural e democrática para fazer frente à imposição de visões que correspondem ao interesse de uma minoria. Enquanto jornais, rádios e televisões se distanciam dos problemas vividos pela imensa maioria da população, as redes sociais que captam cada vez mais a utilização das pessoas violam a nossa privacidade em nome do lucro numa interferência que põe em perigo direitos e liberdades

Num mundo em que os Estados instrumentalizam a pandemia para recorrer a mecanismos e leis autoritárias, importa recordar que a participação, a crítica, o protesto podem e devem ser ferramentas ao nosso alcance para lutar por um mundo mais justo, sem desigualdades, avesso ao fascismo e a teses conspiracionistas que pretendem devolver-nos ao passado.

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