São muitos os que regressam às aulas este mês. A Voz do Operário, de portas e braços abertos, recebe miúdos e graúdos para mais um ano de caminhada em conjunto. O projeto educativo da instituição não se faz sem comunidade: alunos, familiares, professores e pessoal não docente. É um processo coletivo que se constrói entre todos. Este ano, certamente, não será diferente.

Mas é também o mês do regresso às ruas. Já em setembro, há manifestações em defesa do acesso à habitação e do acesso à saúde, dois direitos fundamentais inscritos na nossa Constituição. Os preços absurdos no mercado da habitação só acontecem porque o governo de Passos Coelho e Paulo Portas liberalizou o mercado de arrendamento e porque o governo de António Costa decidiu não pôr um travão à escalada especulativa em que vivemos. A imposição de juros altos por parte do Banco Central Europeu, presidido pela ex-líder do FMI, esmaga a capacidade das famílias poderem pagar as prestações.

Por outro lado, a deterioração do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e os baixos salários dos seus profissionais mostram que o governo prefere que os privados engordem com utentes desesperados por não terem acesso em tempo útil ao SNS.

A participação democrática das populações na vida política do país não se faz apenas de quatro em quatro anos nos atos eleitorais. Faz-se também nas manifestações quando mostramos nas ruas que tipo de futuro queremos. Construir um país diferente, democrático, para todos, faz-se com a participação de todos.

Foi assim no Chile há mais de meio século. Quando os trabalhadores e o povo chileno decidiram eleger um presidente socialista, a oligarquia alimentou o fascismo com o apoio dos Estados Unidos. Faz agora 50 anos que um golpe liderado por Augusto Pinochet deixou as ruas de Santiago cheias de sangue. Salvador Allende morreu a defender um país democrático, para todos, milhares de outros foram assassinados, presos e torturados. Não esquecemos.

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