O Véspera sai numa altura muito complicada. Como é que está a ser voltar aos palcos nesta altura?
Manuela Azevedo (MA)– Na verdade, a coisa acabou por nos correr bem. Na altura em que a pandemia chegou, arriscámos. O disco tinha acabado de sair da fábrica e decidimos lançá-lo mesmo durante o confinamento, sem saber quando é que regressaríamos a palco. Depois tivemos ocasião, em cada pequena abertura que foi sendo feita, de o poder tocar. Em junho [2020] fizemos um concerto em Almada, numa iniciativa muito simpática de solidariedade, organizada pela União Audiovisual. Vários teatros espalhados pelo país tinham, no mesmo dia, bandas e artistas a tocar para recolher alimentos para serem entregues a famílias de técnicos, artistas e outras pessoas ligadas ao espetáculo que ficaram completamente de rastos com a falta de rendimento durante aquela paragem. E depois pudemos fazer a apresentação do álbum em Vila do Conde e em Lisboa, em julho. Fomos aproveitando todas as pequenas aberturas para ir tocando e, na verdade, desde 2020 já fizemos uma quantidade simpática de concertos. Esta digressão acabou por ter uma estrada simpática.
Acabou por acontecer, apesar de ser de uma forma invulgar.
MA – Claro, era muito estranho nos primeiros concertos com pessoas sentadas, com duas cadeiras de permeio, todas com máscara, muitas regras, muita incerteza sempre se o concerto ia acontecer ou não porque se um adoecesse, tudo era cancelado, havia sempre essa sombra da suspensão e do cancelamento por cima das nossas cabeças.
Miguel Ferreira (MF) – Acima disso tudo, aquela energia que nós sentíamos e a emoção de estar outra vez a partilhar teatros, ou palcos, ou plateias com as pessoas, foi incrível.
Era importante para toda a gente. Para os músicos, para os técnicos, e para o público.
MA – A sensação que se sentia quando subíamos para o palco… as ovações eram muito mais para o acontecimento em si, do que para as canções. Era muito mais a alegria de estarmos todos juntos, de haver o regresso a alguma normalidade, embora com as máscaras, com todos aqueles protocolos sanitários esquisitos, mas estávamos juntos, acabava o isolamento, ali, um bocadinho. E isso foi muito bom.
Numa época dominada pelos grandes festivais de música e pela corporação da música, o que é que sentem por estarem a tocar nesta festa dos 140 anos d’A Voz do Operário, uma festa popular, de acesso para toda a gente, no meio da cidade, gratuita. Acham que isto é uma coisa necessária para a nossa cultura?
MA – Sim, é fundamental, não só haver esta oferta cultural para todos, e ser uma oferta variada em tudo, porque o dia começou cedo com atividades, com oficinas, com muita coisa a acontecer naquele espaço, e temos o Sebastião Antunes e a Quadrilha antes de nós. Haver essa variedade e pluralidade no que se oferece é muito importante. E fazer-se esta celebração na rua, acho mesmo muito bom. É um belo sinal para os dias de hoje, em que as pessoas estão um bocadinho fechadas, cada uma no seu cantinho. Há pouca comunicação, há pouco espírito cívico e a Voz do Operário é uma associação que trabalha muito nesse aspeto, não só na divulgação cultural, mas muito na educação, nas escolas que tem, em todo o trabalho de associativismo que faz. Para nós foi a oportunidade de nos podermos juntar a esse trabalho e a essa luta e foi por isso, embora sabendo que ia ser uma coisa complicada — porque a logística de uma banda como os Clã às vezes é difícil para uma festa assim de boa — mas eles [organização] foram geniais na maneira como conseguiram adaptar-se às nossas exigências e nós também acomodámos algumas coisas, para que tudo pudesse acontecer, para podermos estar cá hoje a fazer a festa.
Os Clã têm um disco incrível para crianças, o Disco Voador, um disco super ternurento. A Voz faz muito esta ligação entre as crianças e os mais velhos. É uma dinâmica que vos interessa explorar?
MA – Eu não sei se há um pensamento muito organizado e muito programático naquilo que nós fazemos. O que nos inquieta mesmo é fazer música. Nesse aspecto somos bastante egoístas [risos]. O que é inevitável é que nós também somos gente do mundo, pessoas que têm as suas famílias, começámos a ter filhos, estamos no mundo em que estamos, e o facto de sermos permeados por isso, por essa experiência como gente, como cidadãos do mundo de hoje, acaba por contaminar o trabalho que vamos fazendo.
Hélder Gonçalves (HG) – E mudando também, e vamos evoluindo à custa disso.
MA – E perceber que há uma camada, um trabalho para lá do trabalho artístico, que é importante conseguir participar e transportar no que vamos fazendo durante a nossa carreira.
Acham que há alguma coisa que pode ser transformadora nesta festa d’A Voz do Operário? Precisamos de mais rua e de mais artistas na rua, ou é difícil competir com os grandes festivais?
HG – São coisas muito diferentes, diria. Acho que é mais importante o papel, em si, d’A Voz do Operário, e estas festas de celebração desse papel são importantes para mostrar que há muita gente a trabalhar, que há muita gente à volta, que A Voz do Operário continua a existir e associações como ela. Quanto mais se conseguir juntar artistas à volta disso, e todo o tipo de cultura, melhor, mais valor se vai dar a este tipo de festas e movimentos.
MA – Mas eu acho mesmo que a questão da educação é mesmo vital e infelizmente é uma coisa que está em crise em Portugal.
Vamos a esse ponto. Menos cegueira, economia e mais educação, foi assim que vocês abriram o primeiro single do Luso Qualquer Coisa, em 1995, vão quase 30 anos. Como é que, passado este tempo, olham para o estado atual da nossa vida colectiva?
MA – Acho que pouca gente ouviu o Luso Qualquer Coisa [risos].
HG – Mas não fomos só nós a falar sobre isso.
“O facto de não se investir decentemente na educação é lamentável porque é uma coisa que não permite que o país evolua, que as pessoas estejam mais ligadas umas às outra”
MA – É uma questão antiga e uma questão actual. O facto de não se investir decentemente na educação é lamentável porque é uma coisa que não permite que o país evolua, que as pessoas estejam mais ligadas umas às outras e que continuem a pensar só em dinheiro e na economia.
HG – E quando se diz investir, não é mandar dinheiro para cima das escolas. É pensar numa educação mais profunda, como é que se deve educar. Sair deste sistema educativo que já vem desde a revolução industrial e que já não faz sentido há muito tempo e é isso que tem de se pensar. Eu não me lembro de ver um programa de televisão onde se fale sobre a educação, sobre o sistema educativo, sobre o que é que se deve fazer. É sempre para onde é que há-de ir o dinheiro, como é que há-de ser a carreira dos professores, como é que o ministro há-de “não sei o quê”, e não pensar a educação em si, como é que devemos tratar a educação, como devemos criar pessoas mais informadas, atentas, criativas, que acho que é um dos maiores males dos últimos anos, porque a educação está completamente formatada e as crianças não pensam.
MA – Elas pensam mas não lhes deixam espaço. A questão é sempre a de ser bem sucedido.
HG – Acho que isso já está a criar muitos problemas na nossa organização social, não vejo mudanças para breve e isso é preocupante. É mesmo preocupante. E não vejo políticos a falarem sobre isso. Nunca. É uma coisa que nos preocupa bastante.
Ao longo da vossa carreira, foram tendo sempre parcerias, convidando outros autores. Parece que essas parcerias são uma decorrência lógica de um namoro que iam celebrando com outras pessoas. Estou a lembrar-me do Sérgio Godinho, do Carlos Tê, do Manel Cruz, do Arnaldo Antunes. Acham que há uma relação entre a língua portuguesa e os vossos convidados? Vocês convidam as pessoas, namoram com elas na língua portuguesa?
HG – Não está muito longe disso, sim. Sendo que às vezes isso é um blind date [encontro às cegas], porque, em alguns casos, não sabemos muito bem o que é que vai acontecer, mas gostamos muito da pessoa e achamos que ela é muito atraente [risos] e isso motiva-nos muito a experimentar, a ter essa curiosidade, do que é que aconteceria se nos juntássemos. O que é que pode sair daqui. E temos tido alguma sorte, têm corrido muito bem todas as experiências. Acho que ainda nunca aconteceu de decidirmos trabalhar com alguém e a coisa não ter dado certo. Às vezes, mais dificilmente, às vezes é uma coisa que demora tempo. O trabalho específico de uma letra,de uma canção, é um trabalho de alguma paciência, é polir um diamante e andar à volta, porque nunca é uma coisa exacta, não é uma ciência muito simples. Mas o trabalho, esse amor pela língua que essas pessoas têm e que nós também temos é muito importante. É aí que a gente se encontra, realmente. É nessa vontade de pensar a língua, o que é que podemos trazer da língua portuguesa para uma coisa muito simples que é uma canção, como dizia o Zé Mário Branco, a “arte menor da canção”. São três minutos, mas conseguir trazer a língua portuguesa para uma coisa interessante, que fique para além de só uma coisa musical, para além de uma canção, que seja forte e emocione as pessoas. É uma arte bem delicada, muito específica, é verdade.
Há uma coisa que se nota muito na discografia dos Clã: percorremos a hipótese do amor. Há uma hipótese do amor, um conjunto de coisas que são ditas e que andam mais ou menos entre a ternura e a angústia, um jogo constante, em concorrência. Este conceito de amor dos Clã é um manifesto?
MA – Não direi que seja um manifesto e é difícil falar disto e dar muitas certezas porque muitas dessas palavras que falam do amor, de uma forma mais ternurenta ou mais angustiada, não foram escritas por nós. Se calhar os seus autores defenderiam isto melhor ou até diriam que é um manifesto. Mas acho que o que há sempre, e por isso é que a gente se encontra nas canções, apesar de virem escritas por parceiros que não pertencem à banda, é um reconhecimento daquilo que é comum a esta coisa de ser humano, que é a tentativa de chegar ao outro e de esse caminho nem sempre ser fácil e de a comunicação ser um exercício difícil. Às vezes a gente entende-se, outras não, outras vezes a gente explica-se, outras vezes ficam coisas por dizer, mas acho que tem mais a ver com esse espelho dessa humanidade e o que o amor e os diferentes amores nos fazem são esse ser humano, que está por trás dessa luta entre a ternura e angústia.
Estava a pensar na Paz Não te Cai Bem. Há um conjunto de desencontros entre nós e a música parece que, às vezes, é um mapa para o nosso encontro.
MA – Pode ser. Por momentos é. Essa é a coisa mágica que nos faz subir a palco e continuar este trabalho depois de trinta anos. É esse encontro extraordinário quando estás num palco, em frente a uma data de desconhecidos e no tempo de uma canção estamos ali, todos a falar da mesma coisa. Dá vontade de pensar que o milagre acontece ali, e a gente vai para casa e está tudo igual, e continua o mesmo milagre, vamos estar todos juntos e perceber que fazemos parte da mesma casa, do mesmo mundo. Mas na verdade acaba o concerto, cada um vai para as suas vidas e para os seus problemas.
“Em algumas ocasiões, ouvir canções de outros mexeu comigo, fez-me pensar em coisas, se calhar mudar o rumo de algumas decisões e tornar-me uma pessoa melhor. Se nós pudermos fazer isso, em alguma medida…”
Há dias em que estou mais cínica e acho que não faz diferença nenhuma e que a canção não é uma arma. Mas há outros em que apetece acreditar que sim, que pode fazer alguma diferença. Em algumas ocasiões, ouvir canções de outros mexeu comigo, fez-me pensar em coisas, se calhar mudar o rumo de algumas decisões e tornar-me uma pessoa melhor. Se nós pudermos fazer isso, em alguma medida…
As versões são também um caminho para isso. Lembro-me que da primeira vez que ouvi o Conta-me Histórias fiquei deslumbrado. Nunca tinha ouvido uma versão tão bem feita, respeitando a essência da canção. Pensam nisso, na forma como a versão se adapta à vossa linguagem e respeita o artista?
HG – Sempre. Logo na escolha, quando se pensa na canção. Mesmo quando é uma encomenda, normalmente temos algum controlo. No caso dessa, foi escolha nossa. É pensar primeiro no que é que nós, com aquilo que fazemos, com a nossa banda, podemos dar a essa música, o que podemos trazer de diferente a essa música. É cavar fundo e ir ao osso da música, tentar perceber a essência da canção original, ter esse grande respeito por quem compôs a música e tentar tirar dali outras coisas ou uma visão diferente. Pode ser a nossa visão, sem nunca deturpar o que é mais importante na composição. Acho que é sempre isso que fazemos.: pegar na canção, pô-la no zero, e pensar como é que a faríamos. Imaginar que eu acabei de compor a música, no piano ou na guitarra, e como é que evoluímos com essa canção. É este pensamento que faz com que, para nós, uma versão seja uma composição. Nunca vejo as versões como uma cover. Acho que para toda a gente da banda é como se fosse uma música nossa, já veio é com uma letra e com uma ideia melódica e harmónica.
Há uma característica no trabalho dos Clã que é ser extremamente meticuloso. O Véspera demorou três anos para sair. O que nos chega é uma coisa muito bem trabalhada. Isto é uma das razões para a longevidade dos Clã?
HG – Acho que é uma das razões, mas isso tem mais a ver com o facto de realmente acharmos que é muito importante, quando temos alguma coisa para por cá fora, fazê-lo o melhor possível, e o tempo que demora… na realidade não estamos três anos a compor nem três anos em estúdio. Estamos muitas vezes na estrada. É até antes do estúdio, o pensar no que queremos fazer, se é o caminho certo. Temos um bocadinho esta tendência, talvez por curiosidade comum, de experimentarmos coisas novas, não nos queremos repetir. Normalmente os discos são sempre o reflexo do disco anterior, no sentido em que queremos mudar. Já estamos a pensar como é que queremos fazer o próximo. Há sempre essa curiosidade, de como é que a gente sai deste campo e vai para outro. Mas no momento em que decidimos isso e começamos a depurar as canções, aí há um trabalho meticuloso, sim.
“Demoramos dois ou três dias para gravar um sonzinho. “
Logo no princípio com os textos, compor as sílabas todas no sítio certo, é tudo trabalhado, sendo que, com o tempo e a experiência, cada vez fazemos isso mais rapidamente e de uma forma mais natural. Mas depois daí começamos em estúdio, a depurar, e a ir ao pormenor. Demoramos dois ou três dias para gravar um sonzinho. Também temos um estúdio pessoal, que facilita esse tempo. Se tivéssemos que ir gravar para um estúdio seria feito de maneira diferente. Iríamos ensaiar muito mais, como fazíamos no início, até ao Lustro.
MF – Acho que essa fase inicial é muito importante, da definição do conceito. De onde é que viemos e para onde vamos, toda essa lógica.
HG – Claro que isso nos ajuda a ficar, em cada trabalho, satisfeitos. Às vezes perguntam-nos “depois de um disco ficam muito ansiosos com a crítica, com o que as pessoas pensam?” Eu respondo sempre muito francamente, não. Deu tanto trabalho a pensar naquilo. Para chegarmos àquele resultado, aquela música passa para aí por vinte, trinta versões, experimentamos tantas hipóteses, isto foi o melhor que conseguimos fazer. Naquele momento, com o tempo que tivemos, naquele mês, com aquela chuva, isto foi o melhor que conseguimos fazer. E não há nada que possa ir contra isso. As pessoas podem depois odiar, nós estamos em paz e tranquilos. Se as pessoas gostarem, muito bem, ficamos contentes, se não gostarem, paciência.
MG – Se não ficamos agradados, a coisa também não entra no disco. Isso também acontece. É importante. Se achamos que a música não está no ponto, sai fora.
“A canção não é uma coisa morta.”
HG – Algumas músicas muito famosas nossas estiveram quase para não entrar no disco. Foram muito difíceis de fazer, como o Problema de Expressão ou o Sopro no Coração. Foi muito difícil de gravar. Isto porque tínhamos uma maquete da música, tínhamos uma ideia com que estávamos muito contentes, e depois na gravação do disco nunca sentimos a mesma fluidez, a mesma sensação que tínhamos, e isso estava-nos a causar muitas dúvidas. Depois, com algum trabalho, acabámos por chegar ao ponto melhor possível, mais uma vez, e ficou forte. Também é importante e com a experiência chegas a esses compromissos. Tínhamos na cabeça uma coisa, não chegámos lá, mas está forte, está uma coisa sólida e consistente. Como tocamos muito ao vivo, depois vamos descobrir o ponto de rebuçado para lá chegar. A canção não é uma coisa morta.
Estavas a dizer que de um disco para o outro há um reflexo e vocês incorporam muito a linguagem do tempo. Há uma grande sofisticação na composição e produção do disco e isto pode ser também resultado da música que vocês vão ouvindo?
HG – Tem sempre um pouco, fazer música, ou qualquer arte, é sempre um reflexo daquilo que vais aprendendo e ouvindo.
MA – E ouvir música é fundamental. Ouvir música, ir ao cinema, ler livros.
HG – Eu não diria que é a música do tempo. Tenho alguma dificuldade com isso porque muitas vezes, e acho que nós todos, estamos a ouvir música de há dez, cinco, vinte anos, não temos muito essa coisa do trend, do que é que está na moda, acho que de alguma forma isso não é fundamental.
MF – Mas estamos atentos.
MA – Nesse caso serei eu a excepção, que sou muito distraída da parte das tecnologias e das últimas coisas ligadas ao som. Sou um bocadinho mais intuitiva nesse lado. Mas toda a gente na banda é muito atenta ao seu instrumento, àquilo que o instrumento tem de poder ser desenvolvido, começando no baterista, a passar pelos dois teclistas, o nosso baixista Pedro Santos também é um rapaz muito antenado em tudo o que é sons novos, instrumentos novos, o Hélder também é um geek dos pedais, das tecnologias e das gravações. Acho que haver esse gosto pelo som, pela produção do som puro, também é uma coisa que ajuda a que na produção do disco consigamos chegar de forma mais eficaz às ideias artísticas, e essas sim podem vir de inspirações que vêm mais de trás ou que sejam mais atuais.
Já estão a fazer outro tipo de espetáculos a pensar num caminho futuro?
HG – Neste momento ainda estamos na digressão do Véspera. Como em quase em todas as digressões de um disco – acho que neste até foi mais exagerado – temos tocado quase sempre o disco todo. E depois procuramos sempre algumas músicas do passado que se relacionem bem em termos de universo literário, sonoro. Há pequenas excepções de alinhamentos de concertos, quando são coisas como hoje, um concerto à tarde ao ar livre. O alinhamento é um bocadinho diferente, não recai tanto sobre o último disco, é uma coisa um bocadinho mais híbrida.
MA – Aliás pelo facto de ser a celebração dos 140 anos d’A voz do Operário, trouxemos três canções quase de homenagem ao trabalho d’A Voz do Operário, uma canção do Sérgio Godinho, do Zeca Afonso e do Zé Mário Branco. Normalmente não as tocamos nos nossos concertos, mas achámos por bem trazê-las. É um alinhamento um bocadinho particular, o deste concerto.