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Setúbal

Luta dos estudantes faz retroceder decisão antidemocrática

O insólito aconteceu em Setúbal com a direção da Escola Secundária Barbosa du Bocage a anunciar a destituição ilegal da Associação de Estudantes “por dar mau nome à escola”.

“Não se trata de reverter porque nunca se chegou a uma decisão oficial sobre a dissolução da associação de estudantes. Isso foi um boato”, tentou justificar-se a O Setubalense a diretora da Escola Secundária Barbosa du Bocage, em Setúbal, sobre a anunciada destituição ilegal da Associação de Estudantes.

Tudo começou com uma iniciativa do Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ), com a presença da ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes. Uma representante da Associação de Estudantes denunciou a falta de apoio que recebe da escola. Diante do membro do governo, a aluna explicou que foi preciso aguardar três meses pela primeira reunião com a direção do estabelecimento de ensino.

Em consequência desta denúncia, a Associação de Estudantes recebeu um processo disciplinar e recebeu a informação de que seria destituída. A direção da escola contactou, então, a segunda lista mais votada nas eleições estudantis. Segundo um comunicado do Conselho Nacional da Juventude, a direção cancelou ainda um torneio desportivo levando à revolta dos estudantes, o que levou à intervenção policial e à identificação da representante da Associação de Estudantes.
“A situação descrita é preocupante, uma vez que sugere que a escola pode estar a limitar a liberdade de associação dos seus alunos e levanta questões importantes sobre o papel das escolas e dos educadores na promoção do associativismo estudantil”, sublinhou o Conselho Nacional da Juventude, que considera que a direcção não reúne condições para manter-se à frente deste estabelecimento de ensino público”.

Já a Juventude Comunista Portuguesa repudiou a decisão e considerou-a “uma afronta à democracia e à liberdade dos estudantes”. Para os jovens comunistas é “inaceitável” e não é uma exceção. É mais um caso a somar “a tantos outros atropelos a direitos e liberdades democráticas por escolas em todo o país”.

Segundo O Setubalense, Raquel Polainas, diretora da escola, alegou que as afirmações da aluna “falaciosas e falsas” e que a denúncia feita numa reunião pública com um membro do governo “foi muito sério” e que “declarações falsas e injustas” têm consequências. 

Sobre a atuação da polícia no dia do cancelamento do torneio desportivo, a diretora afirmou que foi por precaução. “Os miúdos estavam chateados. Como havia ameaças de que se iam manifestar, e porque os ânimos se exaltam, foi por uma questão de segurança”, justificou Raquel Polainas.

Agora, ao mesmo jornal, a diretora anuncia o recuo garantindo que está a dar “uma nova oportunidade” aos alunos. “O que decidimos foi dar uma oportunidade para que [os alunos] avancem na dinamização das atividades a que se comprometeram”.

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