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Associações denunciam crime ambiental

O abate de árvores em dezembro na Mata dos Medos, no concelho de Almada, foi pretexto para vários protestos da população, associações e partidos. Uma grande quantidade de pinheiros mansos foi cortada com recurso a maquinaria pesada em plena reserva botânica, integrada na Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa da Caparica. para a construção de passadiços. Sob gestão do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), a entidade justifica a obra com o objetivo de “conservação de habitats naturais” e de “valorização” da Arriba Fóssil da Costa da Caparica, com o objetivo de “criação de percursos acessíveis que diminuam o pisoteio em áreas sensíveis”.

Uma das primeiras críticas veio através de um comunicado assinado pelas associações ambientais Quercus, Acréscimo e Íris no qual se denuncia que esta mata tem um Plano de Gestão Florestal em vigor e que o que se prevê no documento são desbastes e desramações, não “uma operação de exploração florestal, com uso de maquinaria florestal pesada”. O corte “abusivo” de arvoredo não configura a realização de desbastes, mais ainda em área classificada como de conservação, afirma o comunicado. As três associações questionam a presença de uma máquina processadora de abate e toragem de árvores, assim como uma máquina autocarregadora-transportadora e de estilhaçador, que põem em causa solos arenosos de dunas antigas para a construção de passadiços. Sobre a operação, dizem não ter sido encontrado qualquer “procedimento concursal relativo a esta operação, nem outro documento oficial envolvendo a empresa que executa as operações de abate, toragem, extração e trituração dos pinheiros mansos”.

Por sua vez, o deputado José Luís Ferreira, d’Os Verdes, entregou na Assembleia da República várias perguntas, em que questiona o executivo, através do Ministério do Ambiente e Ação Climática, sobre o corte, em grande quantidade, de árvores da espécie Pinheiro-manso (Pinus pinea). Para além de pedir esclarecimentos sobre “de que forma estes passadiços são compatíveis com a preservação da fauna selvagem e flora da reserva e área protegida”, José Luís Ferreira também quis saber “quantos Vigilantes da Natureza operam nesta área protegida e de que forma conseguem levar a cabo a sua missão”.

O partido ecologista recordou que esta mata foi mandada plantar no século XVIII, com a intenção de fixar as areias das dunas e resguardar os terrenos para a atividade agrícola, com recurso ao pinheiro manso.

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