Dirigente da CGT
Esse contexto de uma ditadura fascista silenciou que entre 1919 e 1926 Alberto Monteiro tinha tido um destacado papel na história do sindicalismo em Portugal, pela sua acção como secretário-geral da União de Sindicatos Operários de Lisboa e como dirigente da Confederação Geral do Trabalho (CGT). Foram então inúmeras as suas intervenções em congressos e comícios operários. Silenciou também que em 1921 Alberto Monteiro participou na fundação do Partido Comunista Português (PCP) e foi seu dirigente eleito no primeiro congresso (em 1923) ao lado do secretário-geral Carlos Rates. Já antes, em 1919, ele se tinha salientado como colaborador do jornal Bandeira Vermelha, orgão da Federação Maximalista Portuguesa, estrutura embrião do PCP. Silenciou ainda que Alberto Monteiro foi um resistente anti-fascista desde a primeira hora. Logo quando se deu o golpe militar de 28 de Maio de 1926 foi ele quem presidiu ao comício operário de protesto contra a ditadura que se realizou em Lisboa. Depois, durante o período de ditadura militar, esteve na linha da frente da defesa da liberdade sindical. Em 1930 foi um dos fundadores da Comissão Inter-Sindical, ao lado de Bento Gonçalves, novo secretário-geral do PCP. Em Outubro de 1930, um informador da polícia denunciava Alberto Monteiro como “um dos comunistas mais em evidência”, que era “muito esperto e difícil de comprometer”.
Preso político
Em 26 de agosto de 1931 Alberto Monteiro terá estado envolvido naquela que foi a última grande revolta armada contra a ditadura em Lisboa, antes do 25 de abril. Foi então preso e imediatamente deportado para a “colónia mais distante”: Timor Leste. Regressado a casa, em Lisboa, em 1933, voltou a ser preso político em 1935. ‘Passou’ dessa vez pelo Aljube e esteve um ano encarcerado no Forte de Peniche, de onde saiu em 1936. Em 1937 voltou a ser preso, ‘conhecendo’ desta vez o reduto norte do Forte de Caxias, de onde saiu em 1938. Foi depois deste percurso que Alberto Monteiro se empenhou n’A Voz do Operário. É neste aspecto um exemplo do conjunto de velhos sindicalistas, de diferentes correntes (anarquistas, comunistas, socialistas) que durante a ditadura aqui se mantiveram organizados e activos até ao final da vida ou enquanto a saúde lhes permitiu.
Alfaiate
Natural de Lisboa, alfaiate e filho de um alfaite, Alberto Monteiro começou por se salientar como militante no sindicato de operários alfaites de Lisboa. Este sindicato denotou até 1919 uma influência do antigo Partido Socialista Português mas depois parece ter-se radicalizado, dele saindo vários destacados quadros do PCP nas décadas de 1920 e 30: não apenas Alberto Monteiro mas também Ernesto Bonifácio (que faleceu ainda jovem em 1929), Artur Crescêncio Teixeira (que foi prisioneiro no Campo de Concentração do Tarrafal entre 1937 e 1944) e Manuel Guilherme de Almeida (que foi preso político em 1931, 1935, 1943, 1956 e 1963). Um dos últimos artigos que Alberto Monteiro publicou n’A Voz do Operário, em 1954, foi para prestar homenagem ao seu falecido amigo Raul Esteves dos Santos, antigo presidente da direção d’A Voz e democrata republicano que também foi preso pela PIDE em 1947.