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Educação

Novo ano letivo, novos desafios

O mês de setembro chegou e o regresso à escola está cada vez mais próximo. É um retornar à vida da escola, às suas rotinas e à sua dinâmica, encontramos alunos, famílias e colegas que, muitos deles, já não víamos desde julho.

“[Na creche] deixaremos de ter as salas divididas por idades, passando a ter grupos heterogéneos”.

É o início de um novo ano letivo, um momento marcante para toda a comunidade escolar, que encara este regresso com alegria, antecipação e muita curiosidade, pois nada substitui a escola, as suas vivências, o seu espaço, no qual se promovem imensas potencialidades de competências multidimensionais. É na escola, na interação social, na presença física de todos que queremos que aconteça o desenvolvimento de competências cognitivas, sociais, emocionais, motoras e de uma cidadania consciente e interventiva.

De forma a que este regresso seja a primeira etapa de uma relação responsável, dinâmica, interventiva, mas também, atenta e cuidadora, todos são convidados a participar e, por isso, iniciamos este percurso com uma apresentação da equipa escolar, seguida de um acolhimento das famílias nas salas de cada turma ou grupo. Estes momentos são primordiais para aproximar as famílias da escola, para nos conhecermos, para refletir sobre o nosso projeto educativo, para apresentar os planos de trabalho das turmas ou grupos, para ouvir as preocupações e aspirações das famílias. Para muitos é o início de uma nova relação e para tantos outros é a validação de cada elo que nos une.

Enquanto equipa pedagógica aspiramos que o novo ano letivo seja repleto de conquistas pessoais e profissionais, envolvido num projeto de escola de sucesso e de pessoas felizes. Acreditamos que o processo educativo é um ato de proximidade e de relação, em que a comunicação é inerente e assenta na capacidade de negociação, de interação social, na diversidade de cada um e de todos, com vista a tornar o aluno numa pessoa reflexiva, autónoma e consciente das suas aprendizagens, das suas dificuldades e potencialidades. Essencialmente, queremos ser capazes de motivar os alunos para aprendizagens com sentido, aprendizagens que os inquietem, que lhes despertem a curiosidade, o pensamento crítico e a vontade de agirem e intervirem socialmente.  É um processo exigente, que dá trabalho, mas que, sem dúvida alguma, é nisso que acreditamos, é o que nos move e que nos faz ser a Voz do Operário!

Cada uma das valências sente que é uma peça fundamental para que a engrenagem da SIB A Voz do Operário consiga cumprir aquilo a que se propõe e que está espelhado no nosso projeto educativo.

Num caminho que poderá ser feito desde a creche até ao 2.º ciclo, cada valência tem as suas particularidades mas todos temos como premissa que só através de um trabalho coletivo conseguiremos ter sucesso.

Creche

Na creche os novos alunos costumam ser sinónimo de novos desafios. É aqui que normalmente começa o percurso na Voz do Operário e por isso levamos este papel com muito empenho e sentido de responsabilidade.

Por aqui, começaremos o ano letivo com todas as questões habituais, como os  momentos de acolhimento inicial, respeitadores da criança e família. É na creche que começamos a trabalhar no sentido de querermos que cada criança tenha a sua voz ativa, enquanto ser individual e enquanto parte de um grupo. É também aqui que as famílias iniciam o seu caminho de participação ativa na implementação do projeto educativo que escolheram para a educação do seu filho ou filha.

Este ano juntamos a este desafio os grupos heterogéneos. Assim, em setembro deixaremos de ter as salas divididas por idades (1/2 anos e 2/3 anos) passando a ter 3 grupos heterogéneos, em que cada grupo terá crianças de 1/2 anos e 2/3 anos. Acreditamos que a qualidade das interações, o espírito de cooperação, o respeito e o cuidado pelo outro, a ampliação das vivências e dos processos de humanização, assim como o alargamento da cultura do próprio grupo passarão a ser ainda mais ricos.

“Estávamos no recreio quando a L. (13 meses) chegou de casa e estava meio chorosa, o N. (2 Anos 10 Meses) chegou ao pé dela, sentou-se à sua frente e começou a brincar ao “esconde-esconde” com a sua t-shirt, após algumas repetições por parte do N., a L. começou a sorrir, acabando a rir com a brincadeira.” (Registo de observação, 28.jul.2022).

Assistimos em muitos momentos, como este, crianças mais crescidas a terem cuidado e atenção pelas mais pequenas, ajudando-as a ultrapassar obstáculos, mostrando-lhes aquilo que já conseguiram alcançar, as aprendizagens que já conseguiram fazer, a autonomia que já têm, e ao mesmo tempo, ver as mais pequenas a observarem e a seguirem os seus exemplos de um modo muito mais tranquilo e natural do que se fosse feito apenas porque um dos adultos de referência o está a indicar.

Entre formações, momentos de reflexão, partilhas de estratégias e desafios, passeios conjuntos marcados e espontâneos, muita observação direta em todos os momentos conjuntos, foram alguns dos passos que demos antes de decidirmos dar início a esta nova caminhada.

É um caminho que tem vindo a ser pensado há algum tempo, refletido e abraçado por toda a equipa como uma mais valia para a nossa prática pedagógica e com isso uma mais valia para as crianças.

Para nós é  fundamental termos uma equipa disponível e flexível, algo que foi um dos principais trabalhos prévios feitos, assim como termos as famílias a fazerem este caminho connosco.

Esperamos ao longo deste percurso continuar a refletir com famílias e equipa pedagógica, de modo a conseguirmos continuar a mostrar, cada vez mais, que a Creche é um espaço onde as crianças são tidas como cidadãs do Mundo, plenas de direitos e que não é apenas um espaço onde as crianças ficam como um “mal necessário” devido ao facto das famílias terem de trabalhar, logo após o tempo de licença de maternidade ou paternidade.

Pré-escolar

No pré-escolar, como é já hábito desta valência, é dada uma grande importância aos momentos de adaptação de todas as crianças que chegam aos grupos já existentes nas quatro salas de pré-escolar. O facto de termos também aqui grupos heterogéneos facilita também a integração de todos os alunos que chegam de novo. Muitos destes alunos vêm das salas de creche e voltam a encontrar amigos que vieram para o pré-escolar nos anos anteriores. Estes reencontros são uma das riquezas pedagógicas e sociais que temos na Voz do Operário.

1.º ciclo

O 1.º ciclo ficando entre o pré escolar e o 2.º ciclo tem o maravilhoso trabalho de mostrar que para além do mundo onde a liberdade de brincar e aprender se misturam de uma forma quase imperceptível e o mundo em que os crescidos têm tantas disciplinas e trabalhos, há um mundo em que podemos continuar a brincar e a aprender de um modo livre, mas com mais consciência do caminho e escolhas que fazemos. 

Os alunos que chegam do pré-escolar, da Voz do Operário e de outras escolas são acolhidos pela equipa pedagógica do 1.º ciclo, criando uma primeira e estreita relação com os colegas das turmas de 2.º ano de escolaridade, que à semelhança do que acontece na valência anterior, muitos deles foram já colegas de sala. São estes alunos os responsáveis por mostrar e dar a conhecer cada canto da escola. Sendo do 2.º ano estão ainda muito próximos do 1.º ano mas já suficientemente à vontade no espaço da escola do 1.º ciclo. Muitas  vezes ainda se lembram das suas dúvidas ou ansiedades, tornando mais fácil e próxima esta ajuda.

O trabalho com as famílias continua a ser muito próximo mas o aluno ganha um papel mais relevante na construção das suas apropriações e aprendizagens. À medida que a autonomia se vai construindo a responsabilidade vem de mãos dadas de uma forma natural, tal como achamos que devem ser as aprendizagens com sentido.

2.º ciclo

O 2.º ciclo traz consigo uma variedade de disciplinas e professores. Para os alunos que já estão na Voz do Operário, muitos deles, desde a creche é um passo que anseiam há muito, para os que de novo chegam é um mundo fantástico por descobrir. À medida que os graus de liberdade vão crescendo, também a responsabilidade vai aumentando, o que acarreta um maior trabalho de proximidade e exigência por parte de todos os adultos que acompanham estas crianças a caminho da adolescência. 

Para que as aprendizagens se tornem cada vez mais reais e com sentido, o 2.º ciclo tem desenvolvido, ao longo dos últimos anos, um trabalho cada vez mais  interdisciplinar. Os alunos têm o seu horário dividido em momentos comparticipados das diversas disciplinas que compõem o currículo do 2.º ciclo e momentos de projetos interdisciplinares, onde através de projetos de estudo e/ou intervenção trabalham temas que complementam cada uma das disciplinas, de um modo mais prático e ativo, dando um maior sentido às aprendizagens efetuadas.

Neste ano letivo, para além dos projetos interdisciplinares, continuaremos também a ter momentos de tutorias, em que cada aluno terá um professor/tutor que o poderá ajudar na orientação do seu percurso. Continuaremos também, a apostar na área artística, tendo um momento por semana fixo no horário, em que os alunos poderão ao longo do ano letivo, experienciar vários tipos de arte de um modo mais integrado, dando uma particular relevância à cidadania e desenvolvimento. Deste modo poderemos abarcar áreas como a cenografia, música, expressão corporal e dramática, a literatura entre outras.

Para todos nós, independentemente da valência a que pertencemos, sentimos que os momentos reflexão conjunta (famílias, alunos, docentes e não docentes) têm uma enorme relevância e que só com o contributo de todos conseguimos dar passos de um maior crescimento e amadurecimento na nossa  implementação do projeto educativo da Voz do Operário. 

Uma escola faz-se de pessoas e nós prezamos muito as nossas pessoas.

Um ótimo ano letivo para todos nós na nossa Voz.

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