Educação

Escolas

Devolver a escola às famílias: a escola é nossa

Existem muitas formas de avaliar qualidade das escolas. As mais frequentes, traduzidas nos famosos rankings escolares recentemente publicados, são baseadas nas pontuações em testes estandardizados. Façamos um parêntesis reto relevante [para além das enormes limitações na tradução da qualidade de uma escola e dos impactos negativos em professores e alunos, ao fim de 20 anos da sua publicação continua por aferir as suas mais valias – para além de servir o capital: em 2001 o top 50 era ocupado por 21 escolas privadas e 29 públicas; em 2005, 27 privadas e 23 públicas; em 2015, 38 privadas e 12 públicas; em 2019, 44 privadas e seis públicas; em 2020, 47 para três. Está quase. Faltam 3. Mas importa não ir já a correr fazer a matrícula. Há quem diga que, se der a morada que não deve ser dada, as vagas desaparecem.

Assim, por exemplo, considerando a escola que ocupa o 1º lugar, é importante saber que: “é um estabelecimento de ensino privado, promovido pela Fundação Belmiro de Azevedo. Sendo a Fundação Belmiro de Azevedo uma instituição sem fins lucrativos”. Por isso são apenas, em creche, 525€ por mês. Para quem recebe 665€, continua a ser uma opção: 140€. É o preço da equidade. Os rankings são apenas mais um indicador para confirmar a famosa teoria do sociólogo francês: A escola reflete, repete e promove as desigualdades sociais. Antes de terminar o parêntesis reto partilho convosco uma pequena passagem que li algures “Qual é o espanto em constatar sadicamente que os miúdos de casas sem pão ficam em último e os das fábricas de notas em primeiro (…). Escolas que no inverno fechavam às 16h para que os pais das meninas não as vendessem por meia hora aos senhores dos mercedes pretos parados à porta a coberto do escuro”. E será que são estes rankings o reflexo das aprendizagens? Ainda há esta! Fim do parêntesis reto].

Quanto mais próximas as famílias estiverem da educação das crianças, maior será o impacto no seu desenvolvimento e realização educacional. Deveria a participação e o envolvimento das famílias na comunidade educativa ser um indicador relevante no ranking das escolas? Ou é confortável as famílias manterem-se à porta da escola?

As famílias e as escolas são dois intervenientes essenciais para o desenvolvimento saudável e para o sucesso educativo de todas as crianças. Em vários contextos educativos a escola está encarregue da educação formal e curricular enquanto a família é responsável pela educação não formal e extracurricular. Na Voz do Operário existe um amplo consenso que a escola e a família devem partilhar essas tarefas, ao abrigo de um projeto educativo coletivamente elaborado, uma vez que ambos representam lugares fundamentais de socialização e aprendizagem.

É por este motivo que, com todas as medidas de higiene, as valências de creche e pré-escolar estão novamente acessíveis a todas as famílias. A escola é (n)vossa. Nós somos o coletivo.

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