Na sequência do aumento do número de infetados com o Covid-19 detetados diariamente, foram anunciadas medidas como destinadas a reduzir a probabilidade de contágios e assim travar a chamada segunda onda.

Restringir as aglomerações de pessoas e garantir uma distância entre elas de 1,50 m a 2,00 m estavam nas preocupações de quem decidiu sobre a matéria.

Até houve quem perante um problema que estávamos a enfrentar em outubro, nos aconselhasse prudência para o natal, que como todos sabemos é lá para fins de dezembro. Em linguagem metafórica futebolística costuma dizer-se que é chutar para canto.

Voltemos ao tema.

Nas ruas, nos estabelecimentos, nos espetáculos e em muitos outros locais, na maior parte das situações é possível cumprir essas regras.

O problema é quando temos de utilizar os transportes públicos, particularmente nos períodos de maior procura. Se na via pública não deve haver grupos com mais de cinco pessoas, como se resolve o problema nas carruagens e nos autocarros dos transportes públicos?

Parece-me facilmente entendível que o sistema de transportes não pode ser dimensionado para dar resposta às condições sanitárias que uma epidemia com as caraterísticas desta exigiria e daí que a resposta seria sempre deficiente, tornando necessário o recurso a medidas complementares como a desinfeção dos veículos, o uso da máscara pelas pessoas a bordo e outras que os especialistas da área aconselhassem.

A realidade mostra que as regras aconselhadas só num alheamento da realidade se pode pensar que são concretizáveis.

A situação não é mais grave porque devido ao chamado teletrabalho e ao uso do transporte individual a procura nos transportes públicos reduziu significativamente, mas apesar disso só quem não os usa é que não vê o que se passa.

O problema é a insuficiência conhecida há muito tempo e a ausência do investimento necessário para garantir uma oferta adequada.

Sobre isso nada se diz, parecendo que não há responsáveis. Mas há!

Agora apelam à nossa compreensão dizendo-nos que é “o novo normal”. Porém, no sistema de transportes públicos na região de Lisboa estamos sim a caminhar para o normal de novo.

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