No número anterior titulei esta coluna de REALIDADE VIRTUAL. Porém, como a vida não deixa de nos surpreender, hoje assinalarei um facto que, tal como o anterior está no domínio da realidade virtual.
Cheguei à estação do metropolitano do Cais do Sodré e a informação do tempo de espera previsto assinalava 8 minutos e 50 segundos.
Fiz transbordo na estação de Baixa-Chiado e fui contemplado com 6 minutos e 40 segundos para chegada do próximo comboio.
Não havia perturbações assinaladas e eram quase 17.00 horas.
Eis que chega um comboio em sentido contrário, com destino a Santa Apolónia e leio o seguinte texto: Lisboa capital verde europeia – Menos carros mais transportes públicos.
Quanto a ser capital verde europeia, com uma área de cidade tão pequena e a mancha verde de Monsanto, até admito que seja, mas como não conheço o estudo comparativo vou passar ao lado dessa questão.
Que há menos carros a circular, é evidente. A expulsão da população, a diminuição da atividade económica em geral com a sua concentração no turismo, a que se junta o fator altamente positivo, esses sim, da redução significativa do preço dos passes, facilmente justificam o panorama existente.
Mais transportes públicos?!
Qual foi o aumento da frota do Metropolitano?
Qual foi o aumento da frota da Carris, que apesar de ter vindo a receber novos autocarros continua a envelhecer, isto é, a idade média dos veículos continua a aumentar.
A oferta da Carris, de facto aumentou de 2018 para 2019 cerca de 3%, mas quando comparada com 2010 (que nem sequer foi o melhor ano, mas por ser a década) fica abaixo mais de 9%.
Ser confrontado com a “publicidade enganosa” da afirmação de mais transportes públicos, quando para fazer um percurso (Cais do Sodré – Avenida) cujo tempo útil numa situação normal não é superior 5 minutos sofremos esperas que totalizam 15 minutos e 30 segundos, é uma afronta.
Pode ser que esteja enganado, mas penso que quem inventa estas campanhas não usa regularmente, para não dizer nunca, os transportes públicos. Vivem noutro mundo, o da realidade virtual.