Voz

Imprensa

Centenário do jornal O Emancipador, de Moçambique

Numa parceria com o Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto, A Voz do Operário assinalou no passado dia 14 de Dezembro o centenário do jornal operário e antifascista O Emancipador, que se publicou em Moçambique desde 1919 até ser proibido pela ditadura de Salazar em 1937.

Fundado essencialmente por ferroviários e operários gráficos, O Emancipador teve um relevante papel não apenas na história do sindicalismo e da luta de classes na cidade de Lourenço Marques (hoje Maputo) mas também na difusão da Revolução Russa e do marxismo.

Ligado inicialmente ao antigo Partido Socialista Português, apresentou uma significativa expressão anarquista e evoluiu para uma simpatia comunista.
Vários dos seus responsáveis e colaboradores estariam na linha da frente da oposição à ditadura em Moçambique, nomeadamente no Movimento de Unidade Democrática (MUD), em 1945, e nas candidaturas presidenciais de Norton de Matos e Humberto Delgado, em 1949 e 1958. Nomes como Alexandre Sobral de Campos e Joaquim Faustino da Silva, Manuel Alves Cardiga ou Sofia Pomba Guerra.

N’O Emancipador colaboraram figuras como Rui de Noronha, militante africano e percursor da moderna poesia moçambicana, José Fernandes Alves, redator d’A Voz do Operário, e Mário Castelhano, secretário-geral da Confederação Geral do Trabalho (CGT) – que viria a morrer prisioneiro no campo de concentração do Tarrafal, em Cabo Verde.

Além de um debate, o evento incluiu uma pequena exposição e um recital com poesia de Alexandre Sobral de Campos, declamada pelo ator Alexandre de Sousa, e de Rui de Noronha, declamada por sua filha Elsa de Noronha.
Contou com uma importante participação de familiares de algumas das pessoas que fizeram O Emancipador.

Artigos Relacionados