Opinião

Transportes públicos

723 129: A queda do mito

Foi divulgado o número de passes vendidos na Área Metropolitana de Lisboa em setembro: 723 129. Conforme também foi divulgado, este valor representa um aumento de 25,5% relativamente a 2018. Diversas vezes afirmei publicamente que o preço dos transportes coletivos era indutor do uso do transporte individual, apresentando números de situações concretas.

A propaganda dominante incutia a ideia de que o uso do automóvel se tratava de uma questão de comodismo. As pessoas rejeitavam o transporte público apenas porque eram comodistas. O número de passes vendidos vem mostrar que o preço é um fator determinante na opção de tipo de transporte que se utiliza. Mas o problema já está resolvido? Ainda não. É imprescindível passar à segunda fase, que é a da oferta adequada.

Por oferta adequada entende-se disporem os utentes de meios com um mínimo de conforto e horários compatíveis com as suas necessidades. Com veículos superlotados e grandes intervalos entre dois consecutivos, ficam de fora todos os que podem suportar a diferença de custo sem dificuldades de maior.

É também importante que os horários se adequem às necessidades dos utentes, tendo em conta os milhares de pessoas que trabalhando por turnos necessitam de se deslocar fora das chamadas horas de ponta. Só a título de exemplo, assinalar que nos hospitais há turnos a terminarem às 23.00 horas, sem que muitos bairros, até em Lisboa, tenham transportes públicos a essa hora.

O aumento da oferta, para que corresponda ao aumento da procura é urgente, o que implica um esforço correspondente nos investimentos necessários em material circulante, seja em novas aquisições, seja na redução das imobilizações, dotando os grupos oficinais dos meios humanos e materiais necessários. Mesmo respondendo às necessidades referidas falta uma terceira fase a das interfaces do transporte individual com o transporte público, associadas aos problemas urbanísticos da área metropolitana de Lisboa.

Artigos Relacionados