Presentemente, a Escola de Música e o Grupo Musical continuam a representar as suas principais actividades regulares, em estreita parceria com A Voz do Operário. As inscrições estão abertas e para mais informações, os interessados podem dirigir-se à Secretaria d’A Voz na Graça ou através de contacto@gaitadefoles.net
Na década de 1990, Paulo Marinho (Sétima Legião e Gaiteiros de Lisboa) foi o aglutinador de um grupo de entusiastas da gaita de fole. Organizou então diversos cursos intensivos sobre o instrumento, onde participaram muitos daqueles que viriam a juntar-se ao seu projecto de formar uma Associação. Em 1997, na Xuventude da Galiza – Centro Galego de Lisboa, começou a leccionar aulas de gaita de fole a ex-alunos dos cursos intensivos, dando origem à banda Gaitafolia, surgida no ano seguinte, com o objectivo de dar a conhecer o repertório português para gaita, que veio a participar na Expo 98. Esta “Banda de Gaitas” viria a reunir uma vintena de gaiteiros e percussionistas em formação, realizando mais de duas centenas de apresentações em diversos países, em representação da Associação Portuguesa para o Estudo e Divulgação da Gaita-de-foles, finalmente oficializada em 1999 a partir do grupo inicial de entusiastas.
Subjacente ao trabalho do grupo musical, outras actividades importantes foram desenvolvidas desde o início: o levantamento de documentação histórica, o “mapeamento” dos gaiteiros portugueses de tradição oral, alguns deles oportunamente visitados pela Associação; e a criação de uma oficina de construção de gaitas de fole, onde se evidenciou o trabalho de Vítor Félix, um dos alunos e integrantes da banda, com experiência na construção de cordofones. Acompanhado por Paulo Marinho, que o apresentou a diversos construtores de gaitas de Fole na Galiza, nomeadamente Antón Corral, encetou um trabalho de investigação, experimentação e aprimoramento que viria a servir de base à construção de um tipo de “gaita de fole transmontana”, assim designado pela própria Associação, e largamente difundido logo nos anos iniciais de Gaitafolia.
Seguir-se-ia a criação de um site especializado em gaita de fole, com destaque para os contextos e práticas presentes em Portugal, da responsabilidade de Miguel Costa, e a edição de uma revista, em 2001, coordenada por Paulo Lopes.
Ainda nesse ano, a Associação organiza a primeira edição do Encontro Nacional de Gaiteiros, em parceria com outras entidades. Foi um evento marcante que juntou, pela primeira vez, gaiteiros tradicionais de todo o país. Em cada evento reuniram-se cerca de cem instrumentistas tradicionais, entre tocadores de gaita de fole, caixa e bombo. Estes eram provenientes de diversos pontos do país, permitindo uma tomada de consciência desses gaiteiros em relação às práticas das outras regiões, mas também o contacto directo da Associação com essas práticas, que foram registadas para memória e trabalhos futuros. O primeiro Encontro teve lugar no Pinhal Novo (Palmela), em 2001, seguido de duas edições em Santa Maria da Feira, em 2002 e 2003. O quarto Encontro teve lugar no Fundão, em 2004, após o que seguiu uma quinta edição, novamente no Pinhal Novo, em 2009.
Também em 2009 é editado pela Tradisom um livro multimédia, da autoria da própria Associação, sobre um dos últimos gaiteiros tradicionais da Estremadura: Joaquim Roque – O Último Gaiteiro Tradicional de Torres Vedras.
No mesmo período, regista-se a expansão da Escola de Gaitas, com a abertura de novos cursos, apoiados em métodos de ensino desenvolvidos pela Associação, com número crescente de alunos.
As actividades de divulgação têm incluído ainda a organização de exposições de gaitas de fole portuguesas e do mundo, contando-se entre as mais significativas as que tiveram lugar no Aeroporto de Lisboa, Museu Nacional de Arqueologia e Padrão dos Descobrimentos.
De destacar também a criação das oficinas musicais “Do Fundo do Baú”, destinadas ao público infanto-juvenil, realizadas em escolas e museus.
Actualmente a Associação é representada pela Orquestra de Foles, com CD de 2015, sendo formada por alunos e professores, sucedendo assim a Gaitafolia e outros projectos nascidos no seu seio.
Mais recentemente, publicou o Cancioneiro de Gaita-de-foles (2018), com cem partituras para gaita de fole de repertório exclusivamente português.
Ainda no âmbito editorial, encontra-se em preparação a edição da Colecção Gaiteiros da Estremadura, com início em 2020, que resulta de vinte anos de pesquisa, tantos quanto a própria existência da Associação, a qual comemora assim duas décadas de intensa dedicação à gaita de fole em Portugal.