Barreiro faz marcha atrás na ponte com o Seixal

É uma questão de números. Se quiserem chegar ao Seixal, os barreirenses vão continuar a ter de percorrer, pela estrada, os 13 quilómetros que separam os dois municípios. Fica na gaveta o projeto que previa a construção de uma ponte pedonal e ciclável entre o Barreiro e o Seixal.
A decisão foi tomada numa reunião da Câmara Municipal do concelho barreirense, depois de ter sido aprovado o cancelamento do protocolo estabelecido entre os dois concelhos da margem sul do Tejo. Só os eleitos da CDU votaram contra a proposta. O aumento dos custos da construção da ligação pedonal serviu de base aos argumentos do presidente da autarquia, Frederico Rosa. Em causa, o acréscimo de dois milhões de euros num orçamento inicial de quatro milhões, depois da Administração do Porto de Lisboa ter exigido alterações ao projeto inicial, com o aumento do vão da infraestrutura de 40 para 60 metros. Na prática, uma vez que os custos seriam partilhados entre o Barreiro e o Seixal, o valor destas modificações não ultrapassaria um milhão de euros, uma vez que o projeto lançado e aprovado em 2017, pelo anterior executivo encabeçado pelo comunista Carlos Humberto, seria apoiado com fundos comunitários no âmbito do Plano de Ação de Mobilidade Urbana. “Muito dinheiro”, reclamou o vereador e deputado do PSD, Bruno Vitorino, que alinhou com o PS, CDS e BE para chumbar a ligação de 800 metros entre as duas margens que, apesar de numa primeira fase não permitir a passagem de automóveis ou transportes públicos como autocarros ou comboios, colocaria um ponto final em cinquenta anos de espera. Foi precisamente em 1969 que um navio embateu e destruiu a chamada Ponte Ferroviária do Seixal, cujos pilares ainda estão cravados e visíveis nas margens da baía do Tejo que coloca as duas cidades frente a frente. Para já ficam na mesma. Numa reviravolta financeira, a Câmara Municipal do Barreiro, na voz do vereador do Planeamento e da Divisão de Obras, fez saber que vai redirecionar cerca de 860 milhões de euros para “a criação de uma ciclovia que ligue a já existente no Polis à Avenida Miguel Pais”, assim como a “construção de uma rotunda em frente ao terminal dos barcos. Eleito pelo PS, Rui Braga alega que a opção tem vantagens “ao nível do espaço pedonal e do aumento de espaço verde”. Uma aposta que não convence a CDU que considera “triste que o Barreiro deixe cair um projecto destes, em troca de outra rotunda”. Nenhuma das obras arrancou para já na cidade ribeirinha, não havendo data de conclusão prevista. O Seixal viu-se obrigado a deixar cair o projeto, uma vez que aprovou a proposta que não chegou a sair do papel.

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