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Trabalhadores da Teleperformance em greve

Empresa tem cerca de 14 mil trabalhadores em Portugal.

Multinacional paga grande parte dos salários pelo valor do SMN.

Com cartazes e palavras de ordem, numa demonstração de força, durante o dia de greve, centenas de trabalhadores da Teleperformance concentraram-se à porta da empresa, em Lisboa, no dia 26 de fevereiro. Exigem um aumento salarial para todos, a progressão salarial de acordo com a antiguidade na empresa, fim dos cortes nos bónus e o fim da obrigatoriedade do pagamento do subsídio de refeição em cartão.

À Lusa, Ana Costa, dirigente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisuais (SINTTAV) e trabalhadora da empresa, afirmou que a Teleperformance “pratica o salário mínimo nacional” e que “como foi obrigada a aumentar, em muitos casos, tirou os 60 euros do bónus, que são prémios voláteis”. De acordo com a sindicalista à agência de notícias, os trabalhadores dizem ser muito difícil conseguir o bónus em causa, sobretudo, numa altura em que o tempo médio de atendimento para cada chamada passou de até seis minutos para 2,5 minutos.

A meio de fevereiro, quando o sindicato convocou a greve, a empresa assegurou ter em curso um processo de revisão da estrutura de compensação e benefícios, com aumento do salário base e do subsídio de alimentação este ano. O aumento no subsídio de alimentação seria de cerca de 40%, referiu, na altura, a empresa, sem detalhar a subida prevista para o salário base, que os trabalhadores reclamam que avance para 1.000 euros.

“O subsídio de alimentação passou de quatro para sete euros porque a TP, no final do ano passado, adquiriu a Majorel, outra prestadora de serviços. Os trabalhadores da Majorel tinham sete euros de subsídio de alimentação e, para ficar tudo igual, decidiram aumentar”, explicou Ana Costa à Lusa.

Segundo a estrutura sindical, a empresa tem mantido uma postura “irredutível” perante as reivindicações dos trabalhadores. Para já, não estão previstas mais reuniões entre os representantes dos trabalhadores e a TP, mas o SINTTAV acredita que, após o protesto que juntou também trabalhadores de outros países, como Espanha, Itália ou França, sejam marcados novos encontros.

A Teleperformance é uma multinacional, presente em mais de 90 países, com cerca de 500 mil trabalhadores em todo o mundo, servindo mais 170 mercados diferentes.

Durante o protesto, os manifestantes gritaram também palavras de ordem como “Menos festas, mais salários” e “É urgente e necessário o aumento do salário”, incentivando ainda os trabalhadores que se mantiveram no edifício a aderir à paralisação. O sindicato assegurou à Lusa que os trabalhadores estão dispostos a avançar com novas formas de luta, caso as suas reivindicações não sejam ouvidas. “Claro que sim. Esta vai ser a primeira de, se calhar, mais algumas greves”, vincou a dirigente sindical.

A Teleperformance é uma multinacional, presente em mais de 90 países, com cerca de 500 mil trabalhadores em todo o mundo, servindo mais 170 mercados diferentes. Em Portugal, presta actualmente serviço a marcas como Facebook/Meta, Google, Microsoft, Netflix, nas mais variadas línguas, bem como TAP, EDP, Banco Santander, BPI, entre outras marcas.

No nosso país, trabalham cerca de 14 mil pessoas das mais diversas nacionalidades, onde uma grande parte tem como vencimento base o salário mínimo sem qualquer progressão salarial.

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