Atualmente, a CGTP-IN é composta por 22 uniões distritais, dez federações e 125 sindicatos, com um número total de 556 363 associados, mais 5863 sócios do que há quatro anos. São números impressionantes que revelam o peso desta central sindical no país.

As razões que podem levar alguém a despertar para a necessidade de fazer crescer a sua força, juntando-a à de outros tantos, podem ser muitas. Às vezes, basta uma faísca para iluminar a compreensão de que a dignidade só se defende através da luta.

Entre os mais de meio milhão de trabalhadores sindicalizados está Ana Pires, reeleita para a Comissão Executiva do Conselho Nacional da CGTP-IN no congresso realizado em fevereiro deste ano. À conversa com A Voz do Operário, a dirigente de 41 anos recorda que se sindicalizou quando começou a trabalhar na EMEL, há 20 anos, “no quadro de uma ofensiva da empresa que pretendia agravar os horários de trabalho”.

Não havia um único sindicalizado. Foi então que se criou uma dinâmica coletiva entre os trabalhadores da empresa municipal para encontrar um sindicato que os representasse. Ninguém abandonou essa luta que durou por 12 anos e que acabou com a vitória daquelas mulheres e homens num acordo de empresa que garantiu as principais reivindicações tantas vezes presentes em concentrações, greves e manifestações.

Conta Ana Pires que foi um processo extraordinário: “Crescemos juntos num processo de aprofundamento da consciência social e política”. Hoje, continua a haver comissão sindical, já com outros membros, mas esta dirigente nacional da CGTP-IN não deixa de acompanhar as lutas que se travam naquele que é o seu local de trabalho.

Contesta os preconceitos tão propalados sobre o sindicalismo. “Um princípio que é importante manter é esta ligação concreta àquele que é o meu local de trabalho. Participo nos plenários, na contratação coletiva, na luta e no esclarecimento”, sublinha e acrescenta que na CGTP-IN não há a conceção de que “esta seja uma tarefa para a vida. Temos agora esta tarefa e depois regressamos ao nosso local de trabalho. Isto é uma coisa perfeitamente natural”. Explica que estar a tempo inteiro em responsabilidades da central sindical não significa estar desligada dos locais de trabalho. “O que acontece quando se assumem responsabilidades a tempo inteiro não é isso, é antes um alargamento do conhecimento a mais realidades, a outros locais de trabalho, a outros setores de atividade”.

Vinte anos depois de se ter sindicalizado, Ana Pires olha e vê “um grande coletivo, uma pedra basilar nesta central sindical”. O trabalho coletivo é, para esta dirigente da CGTP-IN, o motor de um percurso em busca de “uma sociedade diferente” onde se “acabe com a exploração do homem pelo homem”. Não consegue olhar para o passado sem se dar conta de um “processo de profundo enriquecimento” em que contatou com os trabalhadores, “com as suas realidades concretas, com a coragem e determinação”, um legado de aprendizagem numa central sindical que chega agora aos 50 anos.

Ana Pires considera que “é uma força que vem do passado, que se afirma no presente mas que, essencialmente, se projeta no futuro”. À Voz do Operário explica que todos os tempos têm as suas caraterísticas mas os sindicatos de classe que a CGTP-IN protagoniza “são cada vez mais necessários”.

Sobre a força da central sindical na sociedade portuguesa, entende que a CGTP-IN é feita “disso mesmo, de homens e mulheres, trabalhadores, deste sentimento coletivo, desta representação de classe, de uma organização fiel às suas raízes históricas”. Uma história que se funde com a história do país. “O nosso motor é este”, conclui.

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