Está quase a terminar 2023, ano que infelizmente não deixa grandes saudades para a grande maioria dos portugueses, que viram agravadas as suas condições de vida, com os seus rendimentos reais a reduzirem-se drasticamente pela subida do custo vida, particularmente acentuada nos bens de primeira necessidade, nomeadamente o galopante aumento do custo da habitação, tanto das rendas como das prestações bancárias.

Aliás, conforme dados do Movimento Erradicar a Pobreza, que de resto publicámos na anterior edição do nosso Jornal, há cerca de 1,7 milhões de pessoas em risco de pobreza em Portugal, das quais 47% trabalha e recebe um salário.

Mas há quem beneficie desta situação. Em escandaloso contraste com as crescentes dificuldades sentidas pelo povo, assiste-se a um incremento da acumulação e centralização da riqueza, de que são exemplo os extraordinários lucros obtidos pelos principais grupos económicos, designadamente da energia, da banca e da grande distribuição.

A demissão do Governo, precipitada pelas recentes investigações judiciais, traduz igualmente o crescente descontentamento das pessoas em resultado das suas opções e da política de direita e consequente agravamento das desigualdades e injustiças, expresso nas contínuas lutas dos trabalhadores e do povo.

Apanhando-se com maioria absoluta, sem necessidade de algumas condescendências aqueles que à sua esquerda pugnaram (e nalguns casos conseguiram) a reversão de muitas das medidas mais perniciosas do anterior Governo PSD e mesmo alguma recuperação dos rendimentos, o Governo do PS enveredou pela submissão aos interesses do capital monopolista que, designadamente através da União Europeia, determina o sentido e conteúdos da política de direita, em que objetivamente convergem PSD, CDS, Chega e IL e são a causa das crescentes desigualdades sociais, patentes no avolumar das dificuldades na vida da generalidade do povo, em contraste com os níveis escandalosos de lucros do grande capital.

Uma prova desta convergência (muitas vezes encapotada pela mera conveniência eleitoral de tentar apresentar diferenças onde elas não existem), está na manutenção do Governo e da Assembleia até à aprovação do Orçamento de Estado para 2024, o qual prossegue a atual política que não serve os portugueses, antes aprofunda as desigualdades e agudiza os problemas do País.

Mas não terá de ser sempre assim. A política de direita conduzida pelos sucessivos governos do carrocel PS / PSD não é uma inevitabilidade. Tem a palavra o povo português, que é chamado às urnas a 10 de março de 2024, ano em que se comemoram os 50 anos da Revolução de Abril, a qual não deixará de ser uma fonte inspiradora para uma votação que possibilite uma Assembleia da República virada para uma política ao serviço dos portugueses, especialmente daqueles que têm sido particularmente fustigados pela política de direita.

Em termos internacionais, a situação apresenta-se muito preocupante, em que a defesa da Paz tem sido substituída pela crescente imposição do militarismo e da guerra, num processo que não pode ser desligado da estratégia de confrontação e guerra do imperialismo, tentando por esta via responder ao aprofundamento da crise estrutural do capitalismo.

A escalada da guerra de Israel contra o povo palestiniano, bem como a anunciada decisão do ocupar militarmente territórios palestinianos na Faixa de Gaza, confirma o objetivo de levar mais longe a estratégia de ocupação e expulsão de populações com que Israel tenta inviabilizar qualquer solução política para a questão palestiniana.

Neste caso (tal como na Ucrânia), a defesa da Paz assume-se como a única solução, com um efetivo cessar fogo e negociações que conduzam à coexistência dos dois Estados, o que passa pela pelo fim da ocupação israelita e desmantelamento dos colonatos e criação do Estado da Palestina, com as fronteiras de 1967 e capital em Jerusalém Oriental e no respeito do direito ao regresso dos refugiados palestinianos.

Vamos entrar no período Natalício, pelo que desejo a todos umas Festas muito Felizes e que 2024 traga um novo rumo de progresso para o nosso País, abrindo aos portugueses o horizonte de uma vida melhor, num mundo de paz, onde se caminhe definitivamente no combate às desigualdades, pela erradicação da pobreza e da exploração.

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