Apesar do calor que se fez sentir, ninguém arredou pé dos diferentes espaços d’A Voz do Operário, que encheram numa forte demonstração de apoio ao povo cubano. Com a impossibilidade de acolher mais gente, no salão de festas da instituição, centenas de pessoas ficaram numa outra sala com um ecrã que transmitiu a sessão e, ainda assim, houve outras centenas que acabaram no recreio da instituição. No total, cerca de dois mil participantes, vindos de todo o país, fizeram questão de comparecer na iniciativa organizada por dezenas de associações e coletivos.
Enquanto esperavam a chegada do Presidente de Cuba, vários artistas, portugueses e cubanos, subiram ao palco para animar a tarde. Na plateia estava João Brito, a primeira pessoa a quem o Presidente Miguel Díaz-Canel apertou a mão ao entrar no salão d’A Voz. Solidário com a luta de Cuba contra o bloqueio dos Estados Unidos, este assistente operacional na Maternidade Alfredo da Costa destacou o papel do país caribenho na solidariedade com outros povos através da medicina.
Por sua vez, Jorge Filho, imigrante brasileiro, sublinhou a importância da resistência cubana perante o bloqueio imposto pelos Estados Unidos e mostrou-se identificado com a luta daquele povo. “Nós [imigrantes] também nos solidarizamos e sentimos na pele aquilo que o pensamento imperialista e eurocentrista impinge sobre as pessoas”, afirmou.
De Santarém, veio Manuel Torres, explicando à Voz do Operário que, entre muitas outras coisas, destaca a formação de uma “sociedade justa e socializante, na qual é hoje o país do mundo com mais médicos e na qual não há analfabetismo”.
Dinis Lourenço, coordenador da Interjovem, reiterou a importância de se estar solidário com o povo cubano quando “se tenta empurrar Cuba para o isolamento” e afirmou que era importante estar ali a mostrar a solidariedade e exigir o fim do bloqueio. Nesse sentido, confessou que o emociona a solidariedade que os cubanos demonstram com os povos e com os trabalhadores de todo o mundo. “Um país que é cercado com o bloqueio que os limita de forma muito séria na sua autonomia e a sua capacidade económica e que, ainda assim, se mostra disponível para ajudar outros países com ajuda médica. Isso é prova de uma generosidade muito grande e um exemplo que nós também levamos”.
Depois da receção entusiástica a Miguel Díaz-Canel, com a presença na sala da secretária-geral da CGTP-IN, Isabel Camarinha, e de dirigentes de outras organizações, incluindo o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, Manuel Figueiredo, presidente d’A Voz do Operário, discursou ante os presentes [pág.5] destacando a importância da solidariedade internacionalista, da amizade entre os povos e da necessidade do fim do bloqueio imposto pelos Estados Unidos.
Por sua vez, Miguel Díaz-Canel agradeceu a solidariedade do povo português e das organizações presentes. Durante o discurso de uma hora, referiu as dificuldades que o povo cubano enfrenta devido ao bloqueio mas destacou também os avanços e as conquistas do país caribenho. Lembrou também os ataques contra Cuba, incluindo o atentado terrorista que ceifou a vida de dois diplomatas cubanos em Lisboa em 1976.
Díaz-Canel inaugura busto de José Martí
Durante a visita a Lisboa, que incluiu uma intervenção na Assembleia da República e uma audiência no Palácio de Belém com Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente português defendeu o reforço das relações com Cuba e reiterou a oposição ao bloqueio imposto pelos Estados Unidos da América aos cubanos. Tendo a seu lado Miguel Díaz-Canel, Marcelo Rebelo de Sousa falou do futuro, sublinhando o interesse em “reforçar a cooperação cultural, a cooperação económica, a cooperação social, a cooperação política e a cooperação diplomática”.
O Presidente de Cuba inaugurou ainda, ao lado do seu homólogo português, um busto no centro de Lisboa dedicado ao herói da independência cubana José Martí. De seguida, Miguel Díaz-Canel partiu para Bruxelas, onde participou na terceira Cimeira entre a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) e a União Europeia.