Voz

Solidariedade

Intervenção sobre visita do Presidente de Cuba

Senhor Presidente da República de Cuba.

Senhores, Ministro da Relações Exteriores, Embaixadora e restante comitiva de Cuba.

Caros amigos, companheiros, camaradas.

Nascida da luta dos operários contra a exploração e as miseráveis condições a que estavam sujeitos, a Voz do Operário celebra este ano 140 anos de existência, cumprindo o seu desígnio de luta pela emancipação dos trabalhadores.

É assim uma enorme honra receber nesta casa o Presidente da República de Cuba, Miguel Díaz-Canel, Presidente de um país que é exemplo para a luta dos povos de todo o mundo, por uma sociedade mais justa, de que a revolução cubana continua a ser uma fonte inspiradora.

Cuba representou e representa igualmente um importante feito da luta dos povos contra o imperialismo.

Desde a primeira hora que os Estados Unidos desenvolveram uma série de tentativas para liquidar a revolução cubana, de que é exemplo a invasão da Baía dos Porcos, mas Cuba tem resistido e derrotado todas as agressões, atentados, tentativas de ingerência e ocupação, contando para tal com a solidariedade dos amantes da liberdade e da paz, dos progressistas e democratas de todo o mundo.

Cuba e o seu heroico povo enfrentam há seis décadas a permanente desestabilização de uma guerra económica movida pela principal potência económica e militar mundial, um criminoso e desumano bloqueio, o mais longo que algum país alguma vez enfrentou na história moderna, situação que vem acarretando muitas dificuldades e imensos prejuízos à economia cubana.

Nada – mesmo nada – justifica este bloqueio ilegal e cruel, condenado pelos povos de todo o mundo, nomeadamente em sucessivas deliberações da assembleia geral das Nações Unidas.

E tudo porquê?

Tudo porque o povo cubano decidiu tomar nas suas mãos o seu destino. Decidiu exercer um direito que afinal cabe a todos os povos: o de decidirem por si o seu futuro.

É isto que alguns não suportam, nem toleram e é por isso que esta questão nos diz respeito a todos e não só ao povo cubano, – o que já não seria pouco.

Mas que tipo de ameaça pode representar este país para a maior potência militar mundial? Apenas uma, mas de enorme importância – a ameaça do exemplo.

E que exemplo.

Exemplo de coragem, de tenacidade, de resistência perante a adversidade, exemplo da inteligência e vontade de um povo.

Apesar da desestabilização e da guerra económica promovida pelo imperialismo, a revolução cubana produziu um enorme avanço social e civilizacional.

O investimento na saúde, na educação e na conquista de níveis de bem-estar social constituem um feito indelével da revolução cubana.

Cuba é um país onde a miséria e a violência social que marcam o quotidiano de tantos países por esse mundo, não são realidades com que os cubanos se confrontem.

Aliás, o espantoso investimento na medicina cubana, designadamente na área da investigação, permite a este país apoiar de forma solidária os países menos desenvolvidos ou vítimas de catástrofes, com o envio de milhares de médicos, testemunhando nos quatros cantos do mundo o prestígio da revolução cubana.

Também aqui na Europa tivemos um grande exemplo dessa solidariedade.

Quando a pandemia da COVID-19 começou por assolar Itália, nesta Europa que se diz unida, solidária e de outros proclamados princípios, houve países que decidiram reter nas suas fronteiras material e equipamento médico, como ventiladores, de que os médicos italianos estavam a necessitar urgentemente para salvar vidas.

Em Portugal, os hospitais privados fechavam portas e todos ficámos a perceber com o que podemos contar no dia em que a saúde seja transformada em apenas mais um negócio.

Pois bem, foi nesse tempo difícil para todos os países, que vimos aterrar em Itália um avião cheio de médicos e enfermeiros.

Iam para o que desse e viesse.

Eles próprios não sabendo ainda ao certo a perigosidade do vírus. Sabiam apenas que havia outro país distante que precisava da sua ajuda e isso bastava.

Esse avião com médicos e enfermeiros não vinha dos países europeus vizinhos. Vinha do outro lado do atlântico, de Cuba, um gigante da solidariedade que não esquecemos.

Como disse Fidel Castro alguns anos antes, Cuba, ao contrário de outros, não lança bombas sobre outros países e outros povos. Os cientistas em Cuba foram educados na ideia de salvar vidas. Cuba não vai a nenhum ponto do mundo lançar ataques.

Mas, se preciso for, é capaz de enviar aos mais obscuros recantos do planeta os médicos que lá sejam precisos.

É contra esta Cuba revolucionária, solidária e internacionalista que o imperialismo se move, mas encontra pela frente a tenaz resistência de um povo, globalmente reconhecida, de que é exemplo a muito recente declaração de Cuba como «Património Universal da Dignidade» pelo Fórum de São Paulo, tendo em conta a sua resistência histórica ao bloqueio injusto e criminoso do poder imperial dos Estados Unidos, acrescentando que a Ilha e o povo cubano são exemplos «para todas as nações e partidos populares do mundo».

Estamos aqui hoje para manifestar a nossa solidariedade e a profunda admiração pela luta de Cuba e do seu povo.

Solidariedade, admiração e reconhecimento que é de ontem, de hoje e de sempre.

Daqui projetamos bem alto e bem longe esta exigência do fim imediato do criminoso e infame bloqueio a Cuba.

Exigimos o reconhecimento do direito do povo de Cuba a decidir livremente o seu destino, sem pressões nem ingerências externas.

Exigência que é um dever de solidariedade e um compromisso aqui renovado.

A revolução e o povo de Cuba não caminham sós.

Cuba vencerá.

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