É mais uma iniciativa que se junta a muitas outras que têm surgido ao longo dos anos em torno do há muito anunciado novo aeroporto de Lisboa e, neste caso, por uma solução que acabe com esta infraestrutura dentro da cidade.
Foi criado em novembro uma plataforma com o nome “Aeroporto fora, Lisboa melhora”, composto por um grupo de cidadãos “saturado” com o ruído provocado pelos cerca de 600 aviões que aterram diariamente na capital.
Segundo esta plataforma, nesta cidade, há mais de 200 mil pessoas que “não podem dormir, caminhar na rua, trabalhar, aprender, descansar, brincar ou conversar sem o incómodo ininterrupto dos aviões a passar”.
Para este grupo de cidadãos é um “inferno de dia” mas também durante a noite, sobretudo depois da aprovação do regime excecional que vigora desde 2003 autorizando voos noturnos de forma limitada. Recentemente, o governo eliminou estas restrições.
“Este martírio não tem par em nenhum lugar da Europa, é insustentável e tem de acabar”, denuncia a plataforma, que fez a sua apresentação pública na Biblioteca dos Coruchéus, em Alvalade, uma das freguesias afetadas pelo funcionamento do aeroporto da Portela.
De acordo com as contas da plataforma, os cerca de 600 aviões diários representam um voo a cada dois minutos e meio com consequências para a saúde dos lisboetas. “Por causa dos voos noturnos, há residentes de Lisboa que só conseguem dormir com tampões nos ouvidos, uma mãe com um bebé de 10 meses queixa-se de que o filho acorda com o estremecer dos aviões, uma professora deixou de se conseguir concentrar e vive sob stress na sua própria casa”, revela a nota elencando várias denúncias.
“Saturado de conviver paredes-meias com um grande aeroporto internacional”, o grupo de cidadãos exige a implementação de um conjunto de medidas que revertam a situação. Desde logo, reclamam o fim dos voos noturnos e o cumprimento da lei do ruído, passando pelo bloqueio da expansão da atividade aeroportuária em curso na Portela e por um plano para a substituição e desativação definitiva do atual aeroporto, medida com mais de 50 anos.
“Não é possível ignorar a necessidade imperiosa de substituir e desativar, de forma definitiva, o aeroporto da Portela”, salienta a plataforma cívica, acrescentando que “não é justo nem legal expor quotidianamente milhares de residentes, atividades económicas, escolas, universidades e hospitais a riscos e impactos tão significativos”.