Depois de um 1º período com momentos em que tivemos de ficar em casa e um regresso às aulas, após a pausa letiva do Natal, em modo de ensino à distância, refletimos em conjunto sobre a importância do ensino presencial: partilhámos as nossas experiências e opiniões para a construção deste texto coletivo e decidimos também dar voz às famílias e àqueles que connosco partilham o espaço da escola.
Sérgio Gaitas, Coordenador das Direções Pedagógicas, deu-nos o mote: “Como diz o poeta brasileiro “A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro na vida”. Contrariamente às previsões da OCDE para o futuro da educação, talvez influenciados pela ingenuidade de quem manda, também a educação é a arte do encontro, onde a proximidade física, o contacto, os conflitos, as emoções, são a única via para o desenvolvimento humano em toda a sua plenitude. Como diz o rapper, “estamos juntos”.
A importância do ensino presencial foi reconhecida por todos: ter contacto com professores e colegas; poder estudar e aprender coisas novas, em coletivo; poder conviver. Um dos colegas referiu: “Eu não sei como é para as outras pessoas, mas eu acho que sabermos que, a seguir a uma aula, podemos ir brincar com os nossos amigos motiva bastante”. Outro acrescentou: “É mais divertido, porque nos intervalos podemos estar uns com os outros a brincar, a jogar, a falar”. Este tema surgiu naturalmente nas nossas conversas, pois foi quando tivemos de ficar em casa que percebemos e valorizámos a importância do ensino presencial. O melhor do ensino presencial “é poder estar com os colegas e professores ao vivo e poder ir para o recreio, correr e rir com os nossos amigos. Podes ter mais apoio, não te distrais tanto, a comunicação é melhor e passas mais tempo com os amigos.”
Como somos mais crescidos, quisémos saber o que pensam os alunos do 2º ano, pois passaram grande parte do 1º ano em casa e este é um momento muito importante de adaptação e aprendizagem. Percebemos que o que mais gostam são as disciplinas de Educação Física e Educação Musical; gostam de aprender e esclarecer as dúvidas com a professora e com os colegas e de brincar com os amigos: “Gosto de estar no recreio com os meus amigos, mas também passo menos tempo com os meus pais”, disse um dos alunos.
Entrevistámos algumas famílias das várias valências da escola, que partilharam a sua visão sobre o ensino presencial:
“É muito importante estarmos juntos, fazermos trabalhos em conjunto e ter os apoios presenciais. (…) A minha filha trabalha melhor no ensino presencial, porque consegue esclarecer as suas dúvidas mais rapidamente e tem todo o apoio dos professores e colegas.” (Vânia Cardoso, 2º Ciclo).
“No ensino presencial, sinto que a minha filha consegue esclarecer as suas dúvidas de forma a perceber melhor (…). Os recursos que tem são uma mais valia (…). O ensino presencial tem uma dinâmica muito forte, a começar na interação direta entre professores e alunos.” (Sara Sequeira, 2º Ciclo).
“Eu acho que a parte social, o facto de estar a conviver com outros colegas e com amigos é muito importante para as crianças se sentirem motivadas a vir à escola. (…) No ensino presencial há o contacto com o professor, que é muito importante, porque já estão mesmo a aprender e precisam deste contacto para tirar dúvidas, perceber a matéria, mas principalmente a parte humana, o brincar, o tocar … é muito importante para o seu desenvolvimento emocional também.” (Sónia Marques, 1º ano).
“O ensino presencial é muito importante para nós enquanto famílias, mais ainda nestas idades tão pequenas. (…) é muito importante o ensino presencial, o contacto humano (…) estar com os amigos, correr, brincar, socializar, tocar … é muito importante para o desenvolvimento de qualquer pessoa em qualquer idade (…) ir a um passeio, fazer plasticina com os amigos” (Joana Assunção e Paulo Baralho, Creche).
“Nestas idades mais pequenas é muito importante estarmos uns com os outros, estarmos em relação com os nossos amigos, com os nossos professores. (…) No ensino presencial é muito mais fácil de manter a atenção” (Cristina Gil, Creche/Pré-escolar).
Quisemos também saber a opinião do Sr. Júlio (para nós, o “Sr. Jiló”), que trabalha há 32 anos na Voz como Assistente Operacional: “Prefiro o ensino presencial, o contacto com as crianças, o estarmos todos juntos é muito importante. Também para vocês, aprendem mais coisas e é mais fácil de entender.”
A preferência pelo ensino presencial é partilhada também pelos nossos professores. Como nos disse o professor Pedro Passarinho (EVT): “O ensino presencial é melhor para todos nós – é mais prático ajudar os alunos, temos uma maior proximidade e contacto com eles. Nós somos melhores e eles também. É mais fácil a organização, o trabalho em si, principalmente na minha disciplina… o martelar, desenhar, cortar, construir, usar os diferentes materiais, sujar…”
Ainda em conversa com o Sérgio Gaitas, foi possível conhecer a sua opinião: “A importância do ensino presencial é tudo, ou seja, o que eu acho é que não é possível nós aprendermos, nós evoluirmos, sem emoções. E estas emoções só são possíveis se nós estivermos uns com os outros, isto é, aprendermos a relacionarmo-nos, aprendermos a perceber o que os outros estão a sentir (…) isto só é possível se estivermos presencialmente, não é? Olhar nos olhos uns dos outros – este contacto, o contacto físico, é fundamental. Só é possível evoluirmos, aprendermos, se nos considerarmos um todo – e este todo é uma parte cognitiva, uma parte emocional, uma parte física. Isto tudo só é possível se nós estivermos presencialmente.”
Concordamos que o ensino presencial é essencial, porque aprendemos as coisas da melhor forma, aprendemos com os nossos amigos – colegas e professores – e, claro, brincamos no recreio.
(Obrigado a todos os que colaboraram connosco neste
artigo, que é um encontro dos nossos trabalhos em parceria e que ficaram mais ricos com o vosso contributo).
Alunos do 2º Ciclo, Espaço Educativo da Graça