Nós, crianças d’A Voz do Operário, fizemos, durante esta semana, uma oficina de jornalismo. Escolhemos fazer uma reportagem da Graça, para que todas as pessoas que recebem o jornal conheçam melhor este bairro e os seus arredores.

Por Beatriz, Guilherme, Inaara, Inês, João, Leonor, Luna e Mariana

O bairro da Graça é um bairro muito antigo e bonito. Antigamente, as pessoas da Graça que entrevistámos trabalhavam desde que eram crianças e, por isso, não iam à escola. Havia mais zonas verdes e incêndios, mais barracas e casas de madeira. Nos últimos anos, o bairro ficou mais rico e há mais turistas, mas a vida ficou mais cara. Agora, com a pandemia, há menos turistas, por isso há menos gente a andar de táxi, a comprar comida na frutaria, há menos vendas na Feira da Ladra e na papelaria em frente à escola Gil Vicente.

Falámos com os Bombeiros Sapadores da Graça. Quando não há incêndios, os bombeiros estão aquartelados e fazem turnos de 24 horas. O quartel de Sapadores tem mais de 600 anos e são profissionais. Antes, havia mais barracas e casas de madeira e zonas verdes e isso provocava mais incêndios. Havia incêndios praticamente todos os dias.

Para o papeleiro, as férias e a pandemia andam a dificultar as vendas. O que facilitava o seu negócio era a escola que está à frente da loja, a escola Gil Vicente. Omar, o papeleiro, anda a vender há um ano e meio, e antes vendia mais gomas, chupa-chupas, etc.

A feirante Filomena vende na feira da ladra há 20 anos. Gosta muito de vender na feira. Agora, com a pandemia, vende três vezes menos, mas acha que antigamente vendia mais. Segundo ela, tudo começou porque, há alguns anos, a moeda era o Escudo e agora é o Euro. Antes vendia roupa nova e agora vende roupa usada.

O polícia José disse que os turistas antes eram mais roubados por causa dos furtos, só que já não acontece tanto porque já estão mais avisados. O crime que ele mais encontra é violência doméstica. Eles não prendem crianças. Ele dá muitas multas, principalmente a carros mal-estacionados. 

A entrevistada Lídia disse-nos que, há 48 anos, quando ela tinha 23 anos, morava na Damaia e veio para a Graça. Antes, ela trabalhava desde os 7 anos em casa e a partir dos 10 passou a trabalhar numa peixaria. Não tinha direito ao estudo. Quando perguntámos se ela nota alguma diferença entre a Graça antes e agora, o que ela nos disse foi que na zona onde ela vive não há muita diferença, mas que no centro passou a haver muito mais turistas. Talvez até mais turistas do que portugueses. Agora, é tudo para inglês ver. Também nos falou sobre o orgulho e amor que tem nos seus filhos, porque acha que os ensinou a viver da melhor forma. Ela acha que os ensinamentos resultaram. Também porque tinha duas netas e acha que as crianças devem crescer bem, para se tornarem “os homens do amanhã”.

O homem da frutaria, o Mário, disse que o seu negócio não anda muito bem, porém não anda nada mal porque vende cerca de 3000 produtos por dia. O homem da frutaria disse que trabalha há 29 anos na frutaria. Nunca vende às mesmas pessoas porque há muitos turistas e muita movimentação.

O taxista Mateus diz que antes havia mais turistas do que agora, o que facilitava o trabalho. Começou a conduzir táxis porque a reforma era muito baixa. Vive em Sapadores e acha que a grande diferença é que agora há muitas esplanadas e isso tira mobilidade.

Achamos que valeu a pena fazer a reportagem porque é sempre bom saber as razões das outras pessoas para alguma coisa e, em vez de tentar saber pensando sozinho, é mais fácil perguntar diretamente às pessoas e a informação sai mais verdadeira. Por causa disso, nós saímos à rua e fizemos uma reportagem coletiva. Nós priorizámos entrevistar as pessoas mais idosas porque elas sabem mais sobre o lugar onde estiveram durante mais tempo.

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