Política

Abril

Abril volta às ruas com a força do povo

As comemorações da revolução de Abril devem regressar às ruas este ano para lembrar as mulheres e os homens que combateram o fascismo e abriram caminho à liberdade, democracia e conquistas de direitos.

Milhares de pessoas devem voltar à Avenida da Liberdade, em Lisboa, para celebrar o 47.º aniversário da revolução desencadeada em abril de 1974 ao som da Grândola, Vila Morena. A Comissão Promotora das comemorações vai anunciar o começo do desfile para as 14.30 no Marquês de Pombal no próximo dia 25, uma iniciativa que culmina na Praça dos Restauradores. 

Também a Comissão Promotora das Comemorações do 25 de Abril na Zona Oriental de Lisboa, que inclui a Sociedade A Voz do Operário, está a organizar uma celebração, como é habitual, na Praça Paiva Couceiro, no dia 24 a partir das 19 horas. Segundo as organizações, estas iniciativas vão contar com regras de distanciamento e segurança, de acordo com as orientações da Direção-Geral da Saúde. 

No ano passado, esta data foi celebrada com atos simbólicos, a partir de casa, devido à pandemia de covid-19. São imagens que ficarão certamente na memória de muitos como o dia em que os portugueses fizeram de janelas e varandas as suas ruas e avenidas. Quando se soube que não seria possível celebrar na rua, várias organizações, partidos e movimentos apelaram aos trabalhadores e à população para cantarem, à janela, Grândola, Vila Morena, uma das senhas da revolução, da autoria de José Afonso. 

Há 47 anos, o levantamento do Movimento das Forças Armadas (MFA) foi acompanhado por uma explosão popular que derrubou o fascismo. O fim da ditadura e da guerra colonial foram as principais reivindicações. Tratou-se de um processo, consequência de uma resistência de quase meio século que nunca foi quebrada, apesar dos assassinatos, dos presos políticos, da tortura e outros mecanismos repressivos. 

O processo revolucionário teve os trabalhadores, os militares e o povo como protagonistas e promoveu a nacionalização da banca, de setores estratégicos da economia, a reforma agrária e a alfabetização. Neste período histórico, participou também A Voz do Operário, histórica associação que resistiu ao fascismo e foi vítima do assédio da campanha terrorista da extrema-direita. Em 10 de março de 1975, um dia antes da tentativa de golpe de Estado liderada pelo general António de Spínola contra o processo revolucionário desencadeado em abril do ano anterior, A Voz do Operário recebeu uma chamada anónima informando que daí a meia hora rebentaria uma bomba suas instalações. “Chegou a hora de calar A Voz do Operário”, foi assim que terminou o telefonema. As centenas de crianças que se encontravam dentro do edifício foram imediatamente retiradas e a polícia revistou as instalações sem ter encontrado qualquer engenho explosivo.

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