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Vacinas, um negócio para as farmacêuticas

Nem perante uma pandemia desta dimensão, as principais potências permitiram a livre circulação das patentes relacionadas com o combate à covid-19 enquanto durar a crise sanitária. Os países com mais rendimentos responderam negativamente na Organização Mundial do Comércio ao pedido de 99 Estados. Agora, nove em cada 10 pessoas de nações pobres podem falhar a oportunidade de serem vacinadas contra a covid-19 no próximo ano. Isto porque os países ricos estão a açambarcar doses da vacina para lá das suas necessidades, alertou a People”s Vaccine Alliance, que reúne organizações não governamentais como a Oxfam, Amnistia Internacional ou Global Justice Now, segundo a Reuters.

Diz esta ONG que os países onde vive 14% da população mundial compraram 53% do total de doses das vacinas mais promissoras no último mês. Segundo o Diário de Notícias, Índia, África do Sul e os outros 97 países consideram que as companhias farmacêuticas que estão a trabalhar vacinas e outros dispositivos médicos de combate à covid-19, deveriam disponibilizar patentes através da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Já na União Europeia, prossegue a guerra para assegurar que as farmacêuticas cumpram com as doses contratadas e acusaram a AstraZeneca de quebra de contrato e a Pfizer/BioNTech de falhar no fornecimento das doses contratadas. A Comissão Europeia propôs mesmo banir a exportação de vacinas produzidas na União Europeia (UE) e confiscar nas fronteiras as doses de vacinas ou componentes médicos fabricados no espaço comunitário. As afirmações de Pascal Soriot, o CEO da AstraZeneca, ao La Repubblica, segundo o qual a equipa da UE levou mais três meses do que o Reino Unido a assinar um acordo com esta farmacêutica, e por isso estaria em segundo lugar, enfureceram particularmente Kyriakides. Numa sessão com jornalistas, no dia 28, a comissária disse que “isto não é o talho, em que o primeiro a aparecer é atendido antes”.

Entretanto, a Rússia ofereceu à UE 100 milhões de doses da sua vacina Sputnik V contra o coronavírus, para fazer frente a este diferendo com as farmacêuticas.

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