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Protesto exige habitação

Com a aposta estratégica no turismo, bairros históricos como Alfama perderam boa parte dos seus moradores e, com a pandemia, ficaram também sem turistas. Com o problema da habitação a encabeçar uma das principais preocupações de quem vive na Área Metropolitana de Lisboa, mais de 60 pessoas participaram numa ação mobilizada pela Associação do Património e População de Alfama, com o apoio da Associação de Inquilinos Lisbonenses e do movimento Morar em Lisboa, que teve lugar no Largo do Chafariz de Dentro.

“A Covid-19 e as medidas para travar o avanço da pandemia deixaram a nu as consequências destas opções políticas e económicas, os problemas agravaram-se e agora Alfama e outros bairros estão sem habitação e sem população”, pode ler-se na resolução que foi aprovada durante a iniciativa pelos participantes.

Um dos exemplos é Alfama. O alojamento local ocupava perto de 60% dos fogos disponíveis e foi para este resultado que “serviu a actual ‘lei dos despejos’”, defende o documento. Para os organizadores do protesto, o surto epidémico, “além de ter exposto as consequências das opções políticas dos últimos anos, já teve e vai continuar a ter efeitos muito negativos na economia nacional e lo- cal” com a previsão de que “com o crescimento do desemprego e a perda de rendimentos das famílias, vão agravar-se ainda mais as condições de acesso à habitação”.

Em declarações ao AbrilAbril, Lurdes Pinheiro, da Associação do Património e População de Alfama, afirmou que “as pessoas têm sido expulsas deste bairro” desde a promulgação da “lei dos despejos”, que ainda não foi revogada. Com o surto epidémico, “não há turismo, não há pessoas, te- mos o bairro completamente vazio”, afirmou Lurdes Pinheiro, lembrando que as pessoas continuam sem casas e que este problema não é exclusivo de Alfama. “Este é um bairro histórico e popular, pelo que queremos chamar a atenção da Câmara e vamos continuar a resistir”, frisou.

Nesta ação participaram moradores de Alfama e também pessoas de outros bairros onde se abordou “o problema da cidade”. “Não vivemos numa ilha, não estamos desligados de tudo o que se passa em Lisboa”, sublinhou Lurdes Pinheiro.

Na resolução aprovada, exige-se ainda que o Governo concretize “uma política que dinamize o arrendamento habitacional, estabelecendo rendas compatíveis com os salários”, e que o Parlamento revogue a ‘lei dos despejos’. Exorta-se ainda a Câmara Municipal de Lisboa a abandonar a “errada opção única pelo turismo” e a concretizar “programas municipais de habitação a custos controlados, com rendas acessíveis para aqueles que aqui vivem e trabalham”.

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