Trabalho

Distribuição

Continente prometeu prémio que não entregou

Os trabalhadores dos hipermercados Continente e entrepostos da Sonae MC levaram para casa, em março, um prémio de 20% do salário base, uma remuneração extra que irão também receber na folha salarial de abril, noticiaram vários jornais no início do mês passado. Contactada por vários jornalistas, a Sonae MC, fonte oficial da subsidiária do grupo Sonae, afirmou, então, que “faz parte das boas práticas do Continente a compensação dos seus colaboradores em situações de esforço acrescido”. A Sonae MC “entendeu atribuir uma compensação como forma de agradecimento aos seus colaboradores de lojas e entrepostos, que continuam a trabalhar, todos os dias, comprometidos e empenhados em garantir o normal funcionamento dos nossos serviços que hoje são ainda mais críticos para assegurar o bem-estar dos portugueses”.

O facto é que um mês depois, o Sindicato do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP) denunciou que “tal informação não corresponde inteiramente à verdade”, o anunciado prémio “foi truque” e a Sonae “comporta-se como lobo em pele de cordeiro”. De acordo com esta estrutura sindical, vários trabalhadores não receberam o prémio, mesmo sem terem faltado um único dia ao trabalho.

O sindicato considerou ainda “lamentável que o Grupo Sonae use a presente situação” do país para “ganhar a opinião pública, leia-se clientes, anunciando um prémio que não é aplicado a todos os trabalhadores” e que use o prémio “como instrumento de pressão, para obrigar a trabalhar mais tempo e aceitar o ‘banco’ de horas”.

Os trabalhadores, assinalou o sindicato, continuam a receber um salário muito próximo do mínimo nacional, enquanto que, em 2019, o Grupo Sonae contabilizou resultados líquidos de 165 milhões de euros e a sua presidente recebeu 812 mil euros, mais dez por cento que no ano anterior.

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